RESUMO: Objetivo: Comparar a prevalência de fatores de risco cardiovascular na população de Vitória (ES) em pesquisa autorreferida por contato telefônico (VIGITEL) ou por exames clínicos e laboratoriais realizados na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Método: Os inquéritos foram realizados na população adulta de Vitória (≥18anos). No VIGITEL foram entrevistados 1996 indivíduos (homens = 38%). Na PNS foi feita visita domiciliar seguida de exames clínicos e laboratoriais em 318 indivíduos (homens = 48%) selecionados em 20setores censitários da cidade. Nos dois inquéritos, as prevalências foram ajustadas para a estrutura populacional estimada para o ano de 2013. Os dados são fornecidos como porcentagens e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Foram encontradas prevalências similares no VIGITEL e na PNS, respectivamente, para tabagismo (8,2%; IC95% 6,7 - 9,7% versus 10,0; IC95% 6,4 - 13,6%) e hipertensão (24,8%; IC95% 22,6- 27,0% versus 27,2%; IC95% 21,8 - 32,5%). Houve diferença estatística (p < 0,01) entre o VIGITEL e a PNS, respectivamente, para as prevalências de obesidade (16,8%; IC95% 14,1 - 18,1% versus 25,7%; IC95% 20,4- 30,9%) e colesterol elevado (≥ 200mg/dL) no sangue (20,6%; IC95% 18,6 - 22,6% versus 42,3%; IC95% 36,9- 47,7%). A prevalência de diabetes também foi maior (p < 0,05) na PNS (6,7 versus 10,7%). Conclusão: A prevalência populacional de hipertensão e tabagismo foi estimada adequadamente no VIGITEL. Isso não ocorreu com a obesidade por provável viés de informação do peso corporal no VIGITEL. Os dados mostram a necessidade de melhorar a cobertura diagnóstica das dislipidemias em vista da importância do controle desse fator de risco na prevenção primária das doenças cardiovasculares.
ABSTRACT: Objective: To compare the prevalence of cardiovascular risk factors in the adult population of Vitória, Espírito Santo, Brazil, in two surveys conducted by telephone interview (VIGITEL) or by clinic and laboratory exams during the National Health Interview Survey (NHIS). Method: Data were collected from adults (≥ 18 years). In VIGITEL, 1,996 subjects (males = 38%) were interviewed. In NHIS, home visit followed by clinical and laboratory tests was made with 318 individuals (males = 48%) selected in 20 census tracts of the city. The prevalence of risk factors was adjusted to the estimated population of the city in 2013. Data are shown as prevalence and 95% confidence interval (95%CI). Results: Similar values of prevalence were found in VIGITEL and NHIS, respectively, for smoking (8.2%; 95%CI 6.7-9.7% vs 10.0; 95%CI 6.4 - 13.6%) and hypertension (24.8%; 95%CI 22.6 - 27.0% vs 27.2%; 95%CI 21.8 - 32.5%). Statistical differences between surveys (p < 0.01) were found for diabetes (6.7%; 95%CI 5.6 - 7.9% vs 10.7%; 95%CI 7.1 - 14.5%), obesity (16.8%; 95%CI 14.1 - 18.1% vs 25.7%; 95%CI 20.4 - 30.9%) and high cholesterol (≥ 200mg/dL) (20.6%; 95%CI 18.6- 22.6% vs 42.3%; 95%CI 36.9 - 47.7%). The prevalence of diabetes was also higher (p < 0.01) in NHIS (6.7 vs 10.7%). Conclusion: Prevalence of smoking and hypertension, but not obesity, was adequately detected in VIGITEL, because there might have been information bias related to body weight during telephone interviews. Datashow the necessity to improve the diagnosis of dyslipidemias in primary care services, as the control of this risk factor is of utmost importance to prevent cardiovascular diseases.