Resumo Durkheim sustenta a tese da diversidade dos vínculos sociais, que constituem muitas fontes variadas da moral, ou, mais precisamente, muitas possibilidades diferenciadas para o indivíduo elevar-se à vida moral. O homem solidário de Durkheim é um indivíduo ao mesmo tempo autônomo e ligado a outros e à sociedade, um indivíduo consciente das regras morais que implicam a participação na vida social. Se ele as aceita, é pelo prazer que encontra na reciprocidade da associação e no sentimento de ser útil. Essa consciência permanece, todavia, frágil, ela corre até mesmo o risco de desaparecer em certas circunstâncias. Interessa-lhe, então, mantê-la: tal é a função do Estado. Durkheim conceituou, de certa forma, um modo particular de regulação social dos vínculos a partir de uma representação organicista da solidariedade. É preciso reconhecer a força dessa teoria, mesmo se o conhecimento das sociedades modernas nos conduz a ressaltar que podem existir outras configurações ou regimes de vínculos. A teoria social do vínculo, tal como podemos construir hoje, é ao mesmo tempo a herdeira do núcleo conceitual deixado pelo fundador da sociologia francesa e o resultado das aquisições da sociologia comparativa, que é fundada sobre uma abordagem não normativa das sociedades modernas e sensível à sua diversidade.1
Abstract Durkheim supports the thesis of the diversity of social bonds, which constitute many varied sources of morality, or, more precisely, many different possibilities for the individual to rise to the moral life. Durkheim's supportive man is an individual at the same time autonomous and connected to others and to society, an individual conscious of the moral rules that imply participation in social life. If he accepts them, it is for the fulfilment he finds in reciprocity of association and in the feeling of being useful. This awareness, however, remains fragile, it even runs the risk of disappearing under certain circumstances. Thus, he is interested in maintaining it: this is the duty of the State. Durkheim has, in a sense, conceptualized a particular way of social regulation of the bonds, based on an organicist representation of solidarity. We must recognize the strength of this theory, even if the knowledge of modern societies leads us to emphasize that there may be other configurations or regimes of bonds. The social theory of bonding, as we can formulate today, is at once the heir of the conceptual core left by the founder of French sociology and the result of the acquisitions of comparative sociology, which is based on a non-normative approach to modern societies and sensitive to their diversity.