Este estudo analisa as formas de enfrentamento encontradas por mulheres vítimas da violência doméstica, no decorrer e após a denúncia, em Fortaleza, Ceará, Brasil. Com abordagem qualitativa e caracterizando-se como pesquisa participante, nove mulheres, que se denominaram vítimas de violência doméstica e romperam com o silêncio fazendo a denúncia, participaram do estudo, de agosto a outubro de 2007, no Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (CERAM). Grupo focal, anotações no diário de campo e observações foram as técnicas de coleta de dados, e estes foram submetidos à análise categorial e discutidos com suporte no Modelo de Crenças em Saúde. O medo, a falta de apoio, a dependência financeira, a vergonha, a maternidade e a cultura emergiram do estudo como percepção da suscetibilidade e das barreiras identificadas; o risco de morte foi percebido como severidade; o apoio da família e de amigos, a lei, os setores de proteção e Deus foram os benefícios relatados, configurando-se como formas de enfrentamento. Para elas, a violência ultrapassou os limites da natureza física, pois envolveu sofrimento psicológico, emocional, econômico e social. Desse modo, essas mulheres romperam o silêncio presente nas relações violentas e procuraram estratégias para minimizar o sofrimento.
This paper provides an analysis of confrontation ways that female victims of domestic violence found during and after denunciation in Fortaleza, Ceará, Brazil. Nine women self-denominated victims of violence who broke silence and denunciated their aggressors participated in this qualitative and participative research from August to October 2007, in the State Center of Reference for Women Support (CERAM). The data collectors used the focal group, the reports in the field diary and observation, and the data were submitted to categorical analysis, and discussed based on Health Belief Model. Fear, lack of support, financial dependence, shame, motherhood, and culture raised as constraints and susceptibility were identified; the risk of death was observed as severity; family and friends' support, law, the sectors of protection and God were the benefits which were configured as support for confrontation. For those women, violence overcame physical limits, as it comprehended psychological, emotional, economic and social sufferance. Therefore, such women broke silence of violent relationships and searched strategies to reduce sufferance.