RESUMO Objetivo: Avaliar a estabilidade clínica da criança e do adolescente neuropata com episódios de pneumonia de repetição submetidos a procedimento cirúrgico de separação laringotraqueal. Métodos: Entre outubro 2002 a junho 2015, 92 crianças neuropatas de um único serviço com idade mediana de 68,5 meses foram submetidas à separação laringotraqueal. Os dados foram avaliados e foi realizada análise estatística pelo teste t de Student e pelo teste do χ2 de Pearson, com nível de significância adotado de 95%. Resultados: Dentre as 92 crianças, 53 eram do sexo masculino (57,6%). Quarenta e seis crianças necessitaram de internação em unidade de terapia intensiva, e 42,4% fizeram uso de ventilação mecânica. Dessas crianças, 90,2% alimentavam-se exclusivamente via gastrostomia, e 72,4% foram realizadas antes da separação laringotraqueal. As complicações pós-operatórias ocorreram em 13 crianças (14,1%), na seguinte ordem: fístula (5,4%), sangramento (4,3%), granuloma (2,2%) e estenose (3,2%). Observaram-se 24 episódios de pneumonia no período pós-operatório (26,1%). Houve diminuição significativa de ocorrência de pneumonias após a cirurgia (100% versus 26,1%, p<0,001). Óbito foi registrado em 23 pacientes (25%). A frequência de complicações pós-operatórias foi semelhante entre os pacientes que evoluíram ou não para óbito (16,7% versus 13,2%; p=0,73). Conclusão: A cirurgia bem indicada reduz o número de infecção pulmonar após o procedimento, melhorando a qualidade de vida desses pacientes e, consequentemente, reduzindo o número de internações. A separação laringotraqueal deve ser indicada como procedimento primário nos pacientes com paralisia cerebral e episódios repetidos de pneumonia aspirativa.
ABSTRACT Objective: To evaluate clinical stability of neurologically impaired children and adolescents with recurrent pneumonia submitted to laryngotracheal separation. Methods: Between October 2002 and June 2015, 92 neurologically impaired children from a reference service, with median age of 68.5 months were submitted to laryngotracheal separation. Data were evaluated and statistical analysis was made by Student's t test and Pearson's χ2 test (significance level adopted of 95%). Results: Fifty-three children were male (57.6%). Forty-six children required admission to intensive care, and 42.4% needed mechanical ventilation. We observed that 90.2% of patients were exclusively fed by gastrostomy and 72.4% of the gastrostomies were performed before the tracheal surgery. Thirteen (14.1%) children had postoperative complications as follows: fistulae (5.4%), bleeding (4.3%), granuloma (2.2%) and stenosis (3.2%). A total of 24 patients had pneumonia in the postoperative period (26.1%), but there was a significant drop in occurrence of this condition after surgery (100% versus 26.1%; p<0.001). Twenty-three patients (25%) died. Postoperative complications were similar when comparing patients who died and those that presented good outcome (16.7% versus 13.2%; p=0.73). Conclusion: When well-indicated, the laryngotracheal separation reduces the incidence of postoperative pulmonary infections, thus improving quality of life and reducing admissions to hospital. Laryngotracheal separation should be indicated as a primary procedure in patients with cerebral palsy and recurrent aspiration pneumonia.