RACIONAL: A recidiva tumoral após o transplante de fígado para o carcinoma hepatocelular tem grande impacto desfavorável na mortalidade e a presença de invasão microvascular desempenha papel importante na recidiva tumoral. OBJETIVO: Avaliar a sobrevida, o risco de recidiva tumoral pós-transplante e os fatores relacionados à invasão microvascular de uma série de transplantados por carcinoma hepatocelular. MÉTODOS: No período entre 1993 e 2007 foi estudada uma série consecutiva de 46 cirróticos com carcinoma hepatocelular submetidos à transplante de fígado baseado nos critérios de Milão a partir de 1996 ou critérios semelhantes no período anterior a esta data. Inicialmente todas as variáveis foram analisadas descritivamente, e as quantitativas através da observação dos valores mínimos e máximos, e do cálculo de médias e desvios-padrão e medianas. Para as variáveis qualitativas calcularam-se frequências absolutas e relativas. Realizou-se a regressão logística com ajuste pelo modelo de Cox para avaliar a sobrevida e os fatores relacionados à recidiva tumoral e invasão microvascular. RESULTADOS: A sobrevida da amostra foi de 64%, 59% e 45% para 1, 3 e 5 anos, respectivamente. Em 13% dos casos, a recidiva tumoral foi verificada. A análise multivariada identificou a chance de um paciente com nódulo bilobar sofrer invasão microvascular é 3,67 vezes maior em relação a um paciente com nódulo unilobar e a presença de um tumor unilobar representar um significativo efeito protetor em relação à invasão microvascular (p = 0,048). CONCLUSÕES: A identificação de um tumor bilobar no estadiamento tumoral é fator preditivo independente de maior risco de invasão microvascular e é necessário ainda confirmar se a presença de tumor bilobar deve ser adicionada aos critérios de Milão para melhor indicação de transplante de fígado em pacientes cirróticos com carcinoma hepatocelular.
BACKGROUND: An imprecise estimate of the tumor's aggressiveness of the hepatocellular carcinoma especially in transplanted patients beyond the Milan criteria has a poor outcome, although a more reliable criteria including microscopic vascular invasion is difficult to be established before transplantation. AIM: To examine a cohort of patients with hepatocellular carcinoma undergoing liver transplantation to evaluate the preoperative predicting factors for microscopic vascular invasion. METHODS: A series of 46 consecutive cirrhotic patients with hepatocellular carcinoma undergoing transplantation based on Milan criteria or similar criteria in a single center were enrolled between 1993 and 2007. The survival was calculated using Kaplan-Meyer's method and a multivariate Cox regression was performed to evaluate survival and factors related to microscopic vascular invasion. RESULTS: Multifocal tumors were present in 39%. Microvascular invasion, tumor relapses and hepatocellular carcinoma beyond the Milan criteria were identified in 33%, 13% and 33%, respectively. Overall 1-, 3-, and 5-year actuarial patient survival rates were 64%, 59% and 45% respectively. Patients who exceeded the Milan criteria had a higher incidence of microscopic vascular invasion and bilobar tumor compared to those who met the Milan criteria (53% vs. 23% and 80% vs. 19%; p<0.05, respectively). After multivariate analysis, the variable identified as independent risk factor for microscopic vascular invasion was the presence of bilobar tumor (hazard ratio, 3.67; 95% confidence interval, 1.01 to 13.34; p<0.05). CONCLUSIONS: The presence of a bilobar tumor is more frequent in hepatocellular carcinoma beyond the Milan criteria and it is an independent predictive factor of a high risk of microscopic vascular invasion. The presence of bilobar tumor in hepatocellular carcinoma beyond the Milan criteria could be used as selection criteria to estimate the risk of hepatocellular carcinoma recurrence, at least until large randomized studies becomes available.