RACIONAL: Atualmente são raras as vezes em que é necessária a realização de uma gastrectomia, já que os inibidores da bomba de prótons associados aos esquemas antibióticos usados para erradicar o Helicobacter pylori, mudaram o enfoque do tratamento da úlcera péptica. OBJETIVOS: Avaliar tardiamente os doentes submetidos a gastrectomia parcial no tratamento da úlcera péptica, em época em que o Helicobacter pylori ainda não era erradicado de forma intencional, incluindo os sintomas pós-operatórios em comparação com os pré-operatórios e a incidência de síndromes pós-gastrectomias; avaliação endoscópica, incluindo o tipo de cirurgia realizada e os achados macroscópicos da mucosa do coto gástrico, duodeno ou jejuno, dependendo do tipo de reconstrução; avaliação histopatológica, incluindo a pesquisa da bactéria por dois métodos: histológico e teste de urease; e sua possível associação presente no estômago remanescente com as avaliações clínica, endoscópica e histopatológica pós-operatórias. CASUÍSTICAS E MÉTODOS: Cinqüenta e nove doentes gastrectomizados por úlcera péptica entre os anos de 1985 e 1993 foram avaliados, sendo que 44 (74,6%) eram do sexo masculino e tinham idade média de 55 anos, com variação de 31 a 77 anos, passaram por entrevista clínica e por exame endoscópico. O Helicobacter pylori foi pesquisado nas peças cirúrgicas ressecadas, para constatação da sua presença ou não no pré-operatório. RESULTADOS: A avaliação clínica no pós-operatório tardio mostrou que 96% dos doentes apresentaram excelentes e bons resultados (Visick I e II). Os sintomas pós-operatórios mais comuns foram dispepsia leve e outras queixas, como diarréia, anemia e dumping, que ocorreram, respectivamente, em 11 (18,6%), 2 (3,4%) e 2 (3,4%) casos. A reconstrução tipo Billroth I trouxe melhores resultados clínicos tardios, quando comparada com as reconstruções tipo Billroth II e Y-de-Roux. Na avaliação endoscópica, a maioria dos doentes (52,5%) apresentou exame normal, enquanto que os demais apresentaram gastrites enantematosa (37,3%) e erosiva (8,5%). Recidiva ulcerosa ocorreu em dois doentes (3,4%). Na análise histopatológica, foi observada incidência elevada de gastrite crônica (98,3%). A presença de Helicobacter pylori ocorreu em 86% dos doentes antes da cirurgia e em 89,8% no pós-operatório tardio. CONCLUSÕES: Os doentes gastrectomizados apresentaram boa evolução clínica pós-operatória tardia. A gastrectomia parcial com reconstrução tipo Billroth I foi a que trouxe melhores resultados clínicos a longo prazo. O Helicobacter pylori, apesar de estar presente no coto gástrico em 89,8% dos casos, não influenciou de forma negativa nos resultados clínicos, endoscópicos ou histopatológicos no pós-operatório tardio.
BACKGROUND: The gastrectomy is an uncommon procedure because the proton bomb inhibitors associated to the antibiotic outlines used to eradicate the Helicobacter pylori changed the focus of the peptic ulcer treatment. AIMS: Later evaluation on those patients who underwent partial gastrectomy as a treatment for peptic ulcer, at that time when any drug to eradicate the Helicobacter pylori was not used. The clinical evaluation included the late postoperative symptoms and postgastrectomy syndromes like dumping, diarrhea, alkaline gastritis and nutritional aspects. The upper digestive endoscopy analysed the surgery reconstruction and the gastric stump, the duodenum and the jejunum mucosa aspects. The histopathological evaluation included looking for Helicobacter pylori by using two different methods: histology and urease test. CASUISTIC AND METHODS: Fifty-nine patients, 44 (74.6%) male, median age 55.5 years old (range from 31 to 77 years old), who underwent a clinical interview and an upper digestive endoscopy. Paraffin blocks from the surgical specimen were reviewed in order to find out if the patients did have or did not have Helicobacter pylori before surgery. RESULTS: The final results show that most of the patients had very good and good clinical evolution (Visick I e II) in 96%. The most common symptoms on late postoperative are mild dyspepsia with or without Helicobacter pylori, and diarrhea, anemia and dumping occurred in, respectively, 11 (18.6%), 2 (3.4%) and 2 (3.4%) cases. The Billroth I reconstruction had the best clinical results on statistical rate. The endoscopic finding showed normal results in the most number of cases, and reflux alkaline gastritis or erosive gastritis in a few cases. Ulcer recurrences were diagnosed in two patients (3.4%), and both had positive Helicobacter pylori. Most of the patients had Helicobacter pylori (86%) before surgery and also in the postoperative time (89.9%). CONCLUSIONS: The patients had a very good clinical evolution after the gastrectomy. The Billroth I reconstruction had the best clinical results. The Helicobacter pylori is still present on gastric stump in late postoperative time, and we believe that it does not bring any negative influence to surgical results.