RESUMO OBJETIVOS Analisar variáveis clínicas e demográficas possivelmente associadas às prescrições de terapêuticas não recomendadas, porém rotineiramente utilizadas, para lactentes com bronquiolite viral aguda. MÉTODOS Estudo transversal incluiu lactentes hospitalizados com bronquiolite por vírus sincicial respiratório. Excluídos aqueles com outras infecções e/ou morbidades. Dados coletados de prontuários. RESULTADOS Analisados 120 casos, para os quais foram prescritos: beta-agonistas inalatórios a 90%; corticosteroides a 72,5%, antibióticos a 40% e solução salina hipertônica inalatória a 66,7%. O uso de broncodilatadores não apresentou associação independente com outra variável. Maior uso de corticosteroide associou-se à baixa oximetria, maior tempo de internação e idade >3 meses. Antibioticoterapia associou-se à presença de febre, maior tempo de internação e idade >3 meses. Solução salina hipertônica inalatória associou-se a maior tempo de internação. CONCLUSÕES A frequência das prescrições não recomendadas foi elevada. Corticosteroide e antibioticoterapia foram associados a sinais de gravidade, como esperado, porém, interessantemente, foram mais utilizados nos lactentes com idade acima de 3 meses, o que sugeriu menor segurança no diagnóstico de bronquiolite viral nesses pacientes. O uso de broncodilatadores foi ainda mais preocupante, uma vez que foram indiscriminadamente utilizados, sem associação com outra variável, seja relacionada à gravidade, seja a características do hospedeiro. O uso de solução hipertônica inalatória, apesar de não associado à gravidade, parece ter implicado maior tempo de internação. A identificação dessas condições de maior vulnerabilidade à prescrição de terapêuticas inadequadas contribui para a implantação de protocolos para o tratamento da BVA, para educação continuada e para posteriores comparações e análises de eficácia das estratégias empregadas.
SUMMARY OBJECTIVE To analyze clinical and demographic variables possibly associated with the prescriptions of non-recommended but routinely used therapies for infants with acute viral bronchiolitis. METHODS A cross-sectional study included hospitalized infants with bronchiolitis caused by the respiratory syncytial virus. Those with other associated infections and/or morbidities were excluded. The data were collected from medical records. RESULTS Among 120 cases, 90% used inhaled beta-agonists, 72.5% corticosteroids, 40% antibiotics, and 66.7% inhaled hypertonic saline solution. The use of bronchodilators did not present an independent association with another variable. More frequent use of corticosteroids was associated with low oximetry, longer hospitalization time, and age>3 months. Antibiotic therapy was associated with the presence of fever, longer hospitalization, and age>3 months. Inhaled hypertonic saline solution was associated with longer hospitalization time. CONCLUSIONS Non-recommended prescriptions were frequent. Corticosteroid and antibiotic therapy were associated with signs of severity, as expected, but interestingly, they were more frequently used in infants above 3m, which suggested less safety in the diagnosis of viral bronchiolitis in these patients. The use of bronchodilators was even more worrying since they were indiscriminately used, without association with another variable related to the severity or characteristics of the host. The use of the inhaled hypertonic solution, although not associated with severity, seems to have implied a longer hospitalization time. The identification of these conditions of greater vulnerability to the prescription of inappropriate therapies contributes to the implantation of protocols for the bronchiolitis treatment, for continuing education and for analysis of the effectiveness of the strategies employed.