FUNDAMENTO: O progressivo aumento da longevidade da população tem levado cada vez mais pacientes octogenários a necessitarem de cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), sendo necessário conhecer os riscos e benefícios desse procedimento nessa faixa etária. OBJETIVO: Descrever a morbimortalidade hospitalar de pacientes com idade igual ou superior a 80 anos submetidos à CRM e identificar variáveis que se constituem em seus preditores. MÉTODOS: Foram estudados 140 casos consecutivos entre janeiro de 2002 e dezembro de 2007. Os pacientes possuíam em média 82,5 ± 2,2 anos (80-89), e 55,7% eram do sexo masculino. Na amostra, 72,9% tinham hipertensão arterial, 26,4% diabete, 65,7% lesão grave em três ou mais vasos e 28,6% em tronco da coronária esquerda. Cirurgia associada esteve presente em 35,7% dos pacientes, sendo a valvar aórtica em 26,4% e a mitral em 5,6%. RESULTADOS: A mortalidade foi de 14,3% (CRM isolada 10,0% x 22,0% associada; p = 0,091) e a morbidade de 37,9% (CRM isolada 34,4% x 44,0% associada; p = 0,35). Complicações mais frequentes: baixo débito cardíaco (27,9%), disfunção renal (10,0%) e suporte ventilatório prolongado (9,6%). Na análise bivariada, os maiores preditores de mortalidade foram sepse (RR 10,2 IC 95%: 6,10-17,7), CRM prévia (RR 8,06 IC 95%: 5,16-12,6), baixo débito cardíaco pós-operatório (RR 7,77 IC 95%: 3,03-19,9) e disfunção renal pós-operatória (RR 7,36 IC 95%: 3,71-14,6). Quanto à morbidade, foram preditores tempo de circulação extracorpórea >120 min. (RR: 2,34 IC 95%: 1,62-3,38) e de isquemia > 90 min. (RR: 2,29 IC 95%: 1,56-3,37). CONCLUSÃO: A CRM em octogenários está relacionada a uma morbimortalidade maior do que nos pacientes mais jovens, o que, entretanto, não impede a intervenção se houver indicação pela condição clínica.
BACKGROUND: Given the progressive increase in longevity and the need of an increasingly elderly population to undergo myocardial revascularization surgery (MRS), it becomes necessary to know its risks and benefits. OBJECTIVE: To evaluate the in-hospital morbimortality of patients aged 80 and older submitted to MRS and identify its predictor variables. METHODS: A total of 140 consecutive cases were studied between January 2002 and December 2007. The patients' mean age was 82.5 ± 2.2 years (range: 80-89) and 55.7% were males. In the sample,72.9% had arterial hypertension, 26.4% had diabetes, 65.7% presented severe lesion in three or more vessels and 28.6% presented a severe lesion in the left coronary trunk. An associated surgery was present in 35.7% of the cases, with aortic valve in 26.4% and mitral valve in 5.6%. RESULTS: The mortality rate was 14.3% (isolated MRS 10.0% vs 22.0% with associated procedure; p = 0.091) and the morbidity was 37.9% (isolated MRS 34.4% vs 44.0% with associated procedure; p = 0.35). The most frequent complications were low cardiac output (27.9%), renal dysfunction (10.0%) and prolonged ventilatory support (9.6%). At the bivariate analysis, the most important mortality predictors were sepsis (RR 10.2; 95%CI: 6.10-17.7), previous MRS (RR 8.06; 95%CI: 5.16-12.6), postoperative low cardiac output (RR 7.77; 95%CI: 3.03-19.9) and postoperative renal dysfunction (RR 7.36; 95%CI: 3.71-14.6). The morbidity predictors were extracorporeal circulation time > 120 min. (RR: 2.34; 95%CI: 1.62-3.38) and time of ischemia > 90 min. (RR: 2.29 95%CI: 1.56-3.37). CONCLUSION: The MRS in octogenarians is associated with a higher morbimortality when compared to younger patients, which, however, does not prevent the procedure if the indication is justified by clinical condition.
FUNDAMENTO: El progresivo aumento de la longevidad de la población ha llevado cada vez más pacientes octogenarios a necesitar cirugía de revascularización miocárdica (CRM), siendo necesario conocer los riesgos y beneficios de ese procedimiento en esa franja etaria. OBJETIVO: Describir la morbimortalidad hospitalaria de pacientes con edad igual o superior a 80 años sometidos a CRM e identificar variables que se constituyen en sus predictores. MÉTODOS: Fueron estudiados 140 casos consecutivos entre enero de 2002 y diciembre de 2007. Los pacientes poseían en media 82,5 ± 2,2 años (80-89), y 55,7% eran de sexo masculino. En la muestra, 72,9% tenían hipertensión arterial, 26,4% diabetes, 65,7% lesión grave en tres o más vasos y 28,6% en tronco de la coronaria izquierda. Cirugía asociada estuvo presente en 35,7% de los pacientes, siendo la valvar aórtica en 26,4% y la mitral en 5,6%. RESULTADOS: La mortalidad fue de 14,3% (CRM aislada 10,0% x 22,0% asociada; p = 0,091) y la morbilidad de 37,9% (CRM aislada 34,4% x 44,0% asociada; p = 0,35). Complicaciones más frecuentes: bajo débito cardíaco (27,9%), disfunción renal (10,0%) y asistencia ventilatoria prolongada (9,6%). En el análisis bivariado, los mayores predictores de mortalidad fueron sepsis (RR 10,2 IC 95%: 6,10-17,7), CRM previa (RR 8,06 IC 95%: 5,16-12,6), bajo débito cardíaco post-operatorio (RR 7,77 IC 95%: 3,03-19,9) y disfunción renal post-operatoria (RR 7,36 IC 95%: 3,71-14,6). En cuanto a la morbilidad, fueron predictores, tiempo de circulación extracorpórea >120 min. (RR: 2,34 IC 95%: 1,62-3,38) e de isquemia > 90 min. (RR: 2,29 IC 95%: 1,56-3,37). CONCLUSIÓN: La CRM en octogenarios está relacionada a una morbimortalidad mayor que en los pacientes más jóvenes, lo que, mientas tanto, no impide la intervención si hubiere indicación por la condición clínica.