OBJETIVO: Analisar os fatores que influenciam na mortalidade infantil evitável na perspectiva dos protagonistas envolvidos. MÉTODOS: Estudo qualitativo crítico-construtivista de análise do acesso das crianças à atenção e à mortalidade infantil evitável por ações e serviços no Distrito Sanitário I do Recife, PE, entre fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008. Desenhou-se amostra teórica em duas etapas: I) instituições prestadoras de serviços de saúde infantil; II) informantes: gestores (11); profissionais da Estratégia de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (48); profissionais das policlínicas (12), mães (20), com tamanho definido por saturação dos discursos. Foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas e estudo de caso de óbito infantil evitável. Utilizou-se análise temática de conteúdo com geração mista de categorias (emergentes e roteiro). RESULTADOS: Houve posições de conflito entre grupos de atores, refletindo o papel desempenhado na rede assistencial. Os participantes institucionais relacionavam os óbitos infantis à ausência/má divulgação das políticas de saúde infantil e das ações intersetoriais; profissionais e mães destacaram dificuldades de acesso por insuficiência global de recursos, principalmente a falta de médicos na Estratégia de Saúde da Família, deslocando a assistência para enfermeiras. Ausência de médicos, rechaço às doenças agudas, atenção desumanizada e/ou de má qualidade técnica foram os principais fatores relacionados aos óbitos pelas mães. Os participantes da Estratégia de Saúde da Família, do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e mães identificaram a condição de exclusão social e negligência materna com os óbitos enquanto o estudo de caso de óbito mostrou sua associação à baixa qualidade da atenção ofertada. CONCLUSÕES: Numerosas barreiras de acesso apontam a insuficiente implantação do Sistema Único de Saúde e falta de resolubilidade da principal porta de entrada, a Estratégia de Saúde da Família. Melhorias dos fatores estruturais e organizacionais da oferta são necessárias, sobretudo mecanismos de incentivo à contratação de médicos para a Estratégia de Saúde da Família e de formação/capacitação profissional da equipe compatível com o modelo de atenção para o cumprimento das políticas de atenção à saúde da criança e prevenção das mortes infantis evitáveis.
OBJETIVO: Analizar los factores que influencian en la mortalidad infantil evitable en la perspectiva de los protagonistas involucrados. MÉTODOS: Estudio cualitativo crítico-constructivista de análisis del acceso de los niños a la atención y la mortalidad infantil evitable por acciones y servicios en el Distrito Sanitario I de Recife, PE, entre febrero de 2007 a febrero de 2008. Se diseñó una muestra teórica en dos etapas: I) instituciones prestadoras de servicios de salud infantil; II) informantes: gestores (11); profesionales = 60 (de la Estrategia de Salud de la Familia y del Programa de Agentes Comunitarios de Salud, 48; y profesionales de las policlínicas, 12); madres (20), con tamaño definido por saturación de los discursos. Se realizaron entrevistas individuales semi-estructuradas y estudio de caso de óbito infantil evitable. Se utilizó análisis temático de contenido con generación mixta de categorías (emergentes y rutina). RESULTADOS: Hubo posiciones de conflicto entre grupos de actores, reflejando el papel desempeñado en la red asistencial. Los participantes institucionales relacionaban los óbitos infantiles con la ausencia/mala divulgación de las políticas de salud infantil y de las acciones intersectoriales; profesionales y madres destacaron dificultades de acceso por insuficiencia global de recursos, principalmente la falta de médicos en la Estrategia de Salud de la Familia, trasladando la asistencia a las enfermeras. Ausencia de médicos, rechazo de las enfermedades agudas, atención deshumanizada y/o de mala calidad técnica fueron los principales factores relacionados con los óbitos por las madres. Los participantes de la Estrategia de Salud de la Familia, del Programa de Agentes Comunitarios de Salud y madres identificaron la condición de exclusión social y negligencia materna con los óbitos mientras el estudio de caso de óbito mostró su asociación con la baja calidad de atención ofertada. CONCLUSIONES: Numerosas barreras de acceso señalan la insuficiente implementación del Sistema Único de Salud y falta de resolución de la principal puerta de entrada, la Estrategia de Salud de la Familia. Mejorías de los factores estructurales y de organización de la oferta son necesarias, principalmente mecanismos de incentivo a la contratación de médicos para la Estrategia de Salud de la Familia y de formación/capacitación profesional del equipo compatible con el modelo de atención para el cumplimiento de las políticas de atención a la salud del niño y prevención de las muertes infantiles evitables.
OBJECTIVE: Analyze the factors infl uencing avoidable infant mortality from the perspective of the protagonists involved. METHODS: Qualitative study with a critical-constructivist approach, examining children’s access to health care and avoiding preventable infant mortality through health care campaigns and services in Health District I of Recife, Northeastern Brazil, between February 2007 and February 2008. The theoretical sample was designed in two stages: I) institutions providing health services to children; II) interviewees: managers (11); professionals from the Family Health Strategy and Programme of Community Health Workers (48); and from outpatient clinics (12); mothers (20), with sample size defi ned by “saturation of the speeches”. Data was collected using individual semistructured interviews and case studies of avoidable infant death. Thematic content analysis was used, generating mixed categories (emerging and scripted). RESULTS: There were perceived to be confl icting positions between different stakeholder groups refl ecting their role in the care network. All institutional participants related infant deaths to the absence/poor dissemination of child health policies and inter-sectoral actions; professionals and mothers highlighted diffi culties in accessing health care due to insuffi cient global resources, especially the lack of doctors in Family Health Strategy, shifting health care to nurses. Lack of doctors, acute diseases rejection, and dehumanized and/or poor technical quality care were the main factors which the mothers related to deaths. Family Health Strategy participants from the Programme of Community Health Workers and mothers identifi ed the condition of social exclusion and maternal neglect with deaths, but the case study of death revealed the association with lower quality of care offered. CONCLUSIONS: Numerous barriers to access indicate insuffi cient the Brazilian Unifi ed Health System implementation and lack of resolution of the main access route, the Family Health Strategy. The results indicate the need for improvement of structural and organizational factors of supply, with emphasis on mechanisms to stimulate the recruitment of doctors for the Family Health Strategy professional training of all staff consistent with the model of care to comply with health care policies for children and avoiding preventable infant mortality.