RESUMO Este texto propõe uma agenda de pesquisa sobre a produção de espaços de diálogo e solidariedade entre territórios periféricos. O termo ‘transperiferias’ traduz esta proposta de pesquisa e engajamento, elaborada coletivamente por sete pesquisadores/as situados/as no campo aplicado dos estudos da linguagem. A agenda das transperiferias oferece caminhos de ruptura com paradigmas que situam, de um lado, a produção de conhecimento sobre desigualdade e, de outro lado, os sujeitos e territórios que se engajam com a contestação dessa desigualdade a partir de posicionalidades marginais. Propõe-se, em outras palavras, uma aproximação entre a produção de saber “sobre” as periferias com a produção de conhecimento “das” periferias, ao mesmo tempo em que se projetam espaços de diálogo e reflexão “entre” periferias, regionais, nacionais e globais. O texto justapõe os tipos de engajamento e produção epistêmica de cada um/a dos/as pesquisadores/as, de modo a apontar para formas em que objetos de investigação, como letramentos, tradução, processos de racialização, enregistramento sociolinguístico, violência etc., podem ser revisitados numa visão transperiférica. Convidamos sujeitos de diferentes periferias, bem como campos epistêmicos diversos, a ampliarem e tensionarem essa agenda de investigação.
ABSTRACT This paper outlines a research agenda centred on the production of spaces of dialogue and solidarity between peripheral territories. The term ‘transperipheries’ summarises a proposal for research and engagement developed collectively by seven researchers situated in the field of applied linguistics. The transperipheries agenda offers a pathway for breaking with established paradigms that divorce knowledge production about inequality from the subjects and territories engaged in its contestation from marginalised positionalities. In other words, we argue for bridging the distance between production of knowledge about peripheries and production of knowledge from peripheries, while also projecting spaces of dialogue and reflection between regional, national and global peripheries. The paper provides examples of epistemic work undertaken by the contributing authors as a way of showing how research on themes such as literacies, translation, racialisation, sociolinguistic registers and violence, can be revisited through a transperipheral lens. We invite readers from all kinds of peripheries and epistemic fields to build on and debate this research agenda.