RESUMO A preservação de manguezais, ecossistema de elevada importância social, econômica e ambiental, requer conhecimento da composição, gênese, morfologia e classificação de seus solos, aspectos de fundamental importância para o entendimento da dinâmica e conservação sustentável desse recurso natural. Dessa forma, buscaram-se caracterizar e classificar solos de manguezais na bacia do Subaé e avaliar as concentrações dos poluentes inorgânicos. Foram escolhidos sete pedons representativos de manguezais, cinco sob influência fluvial e dois sob influência marítima, cujos perfis foram analisados quanto à morfologia e coletadas amostras de horizontes e camadas para posterior análise física e química, inclusive de metais pesados (Pb, Cd, Mn, Zn e Fe). Os solos em condições úmidas apresentaram-se subóxidos, com valores de Eh <350 mV. O pH dos pedons sob influência fluvial variaram de moderadamente ácido a alcalinos, enquanto os pedons sob influência marítima apresentaram valores em torno de 7,0 no longo de todo o perfil. A concentração de cátions no complexo sortivo para todos os pedons, independentemente da influência fluvial ou marítima, indicou a seguinte ordem: Na+>Mg2+>Ca2+>K+. Os solos dos manguezais da bacia do rio Subaé apresentaram características morfológicas, físicas e químicas distintas quando sob influência fluvial e marítima. As maiores concentrações de Pb e Cd foram identificadas nos pedons sob influência fluvial, possivelmente pela proximidade à Plumbum Mineração, e as menores concentrações encontravam-se no pedon P7, em razão da maior distância da fábrica. Por apresentar pelo menos um metal acima dos valores de referência indicados pela National Oceanic and Atmospheric (EPA), os pedons foram classificados como potencialmente tóxicos. Os solos foram classificados como Gleissolos Tiomórficos Órticos (sálicos) sódico neofluvissólicos de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação, apresentando-se potencialmente tóxicos, muito mal-drenados, exceto o pedon 7, que foi enquadrado no mesmo subgrupo dos demais, mas diferenciado deles por apresentar concentração de metal dentro dos limites tolerados.
ABSTRACT Preservation of mangroves, a very significant ecosystem from a social, economic, and environmental viewpoint, requires knowledge on soil composition, genesis, morphology, and classification. These aspects are of paramount importance to understand the dynamics of sustainability and preservation of this natural resource. In this study mangrove soils in the Subaé river basin were described and classified and inorganic waste concentrations evaluated. Seven pedons of mangrove soil were chosen, five under fluvial influence and two under marine influence and analyzed for morphology. Samples of horizons and layers were collected for physical and chemical analyses, including heavy metals (Pb, Cd, Mn, Zn, and Fe). The moist soils were suboxidic, with Eh values below 350 mV. The pH level of the pedons under fluvial influence ranged from moderately acid to alkaline, while the pH in pedons under marine influence was around 7.0 throughout the profile. The concentration of cations in the sorting complex for all pedons, independent of fluvial or marine influence, indicated the following order: Na+>Mg2+>Ca2+>K+. Mangrove soils from the Subaé river basin under fluvial and marine influence had different morphological, physical, and chemical characteristics. The highest Pb and Cd concentrations were found in the pedons under fluvial influence, perhaps due to their closeness to the mining company Plumbum, while the concentrations in pedon P7 were lowest, due to greater distance from the factory. For containing at least one metal above the reference levels established by the National Oceanic and Atmospheric Administration (United States Environmental Protection Agency), the pedons were classified as potentially toxic. The soils were classified as Gleissolos Tiomórficos Órticos (sálicos) sódico neofluvissólico in according to the Brazilian Soil Classification System, indicating potential toxicity and very poor drainage, except for pedon P7, which was classified in the same subgroup as the others, but different in that the metal concentrations met acceptable standards.