Trata-se de mostrar como a poesia de Manuel Botelho de Oliveira (Bahia, 1636-1711) visa construir a maravilha principalmente por meio das consonâncias que surpreendem, numa poesia assentada em analogias com a "música", o "canto", o "verso", a "lírica", o "ritmo", a "doçura" - conceitos presentes em tratados retóricos, poéticos e filosóficos antigos, e que, aqui, se alçam a centro desta poética, distanciada da aristotélica. Evidencia-se como, diferentemente do conceito engenhoso, causa eficiente das agudezas poéticas, o poeta êmulo de Marino privilegia em sua Lira sacra e na Música do Parnaso a sonoridade que faz admirabile o dizer do poema, tangendo finezas ou as maneiras cantáveis do "plectro doce e fino".
This text explains how the poetry of Luzo-Brazilian Manuel Botelho de Oliveira (Bahia, 1636-1711) aims to build the wonderful especially through the consonances that provokes surprise, in a poetry grounded in analogies with the "music", the "chant", the "verse", the "lyrical", the "rhythm", the "sweetness" - concepts present in rhetorical, poetic and philosophical treatises of the Antiquity, and that here become center stage of this poetic, far removed from Aristotle. It highlights how, unlike the ingenious concept, the efficient cause of the acute poetry, the poet emulator of Marino favors sonority in the Lira Sacra and in the Música do Parnaso, his poem book. The musical elements turn admirabile what the poems says, playing finezas (niceties) or singable manners of the plectro doce e fino (plectrum sweet and gentle).