Resumo Uma das principais dificuldades na implantação dos sistemas agroflorestais está na escolha das espécies componentes. Esta pesquisa objetivou verificar a viabilidade de utilização de duas espécies amazônicas em sistema agroflorestal, quantificando a possível interferência da espécie dominante (mogno-brasileiro) sobre a espécie do dossel inferior (cupuaçuzeiro). O experimento foi conduzido por 14 anos, em uma propriedade comercial em Tomé-Açu, PA. Foram estabelecidos quatro níveis de espaçamento entre as árvores de cupuaçuzeiro e mogno: Nível 1 = 2,3 m; Nível 2 = 5,5 m; Nível 3 = 7,3 m; Nível 4 = 8,8 m. Avaliaram-se o desenvolvimento vegetativo inicial do cupuaçuzeiro, a produção durante 12 safras e a taxa de mortalidade. Para o mogno, mensurou-se o vigor das plantas e realizaram-se estimativas de produção de madeira. Ademais, estimaram-se alguns parâmetros morfométricos para verificar a adaptação do mogno ao ambiente de SAF e sua influência sobre o cupuaçuzeiro. Os resultados demonstraram que o cupuaçuzeiro teve um bom desenvolvimento vegetativo, mostrando não ter sido prejudicado pela competição com as árvores de mogno. A produção de frutos também não foi afetada pelo consórcio, assim como não houve diferenças nas taxas de mortalidade nos diferentes níveis de proximidade das espécies. O mogno teve crescimento vigoroso, beneficiado pelos tratos culturais dispensados, normalmente, em pomares de cupuaçuzeiro, como adubação anual e aporte hídrico. Pelas evidências obtidas, conclui-se que o SAF constituído por mogno-brasileiro e cupuaçuzeiro, nos espaçamentos aqui utilizados, oferece condições apropriadas ao desenvolvimento de ambas as espécies, e poderá ser uma alternativa aos sistemas de produção convencionais na Amazônia, bem como para incrementar a restauração de áreas antropizadas com espécies nativas.
Abstract One of the main difficulties in implementing agroforestry systems is the choice of component species. This research aimed to verify the feasibility of using two Amazonian species in an agroforestry system, quantifying the possible interference of the dominant species (Brazilian mahogany) on the lower canopy species (cupuassu tree). The experiment was conducted for 14 years, on a commercial property in Tomé-Açu, PA. Four levels of spacing between cupuassu tree and mahogany trees were established: Level 1 = 2.3 m; Level 2 = 5.5 m; Level 3 = 7.3 m; Level 4 = 8.8 m. The initial vegetative development of the cupuassu tree, the production during 12 harvests, and the mortality rate were evaluated. For mahogany, the vigor of the plants was measured and wood production estimates were made. In addition, some morphometric parameters were estimated to verify the adaptation of mahogany to the SAF environment and its influence on cupuaçuzeiro. The results showed that the cupuassu tree had a good vegetative development, showing that it was not harmed by the competition with the mahogany trees. Fruit production was also not affected by the consortium, just as there were no differences in mortality rates at different levels of species proximity. Mahogany grew vigorously, benefiting from the cultural treatments normally provided in cupuassu tree orchards, such as annual fertilization and water supply. Based on the evidence obtained, it can be concluded that the SAF made up of Brazilian mahogany and cupuassu tree, in the spaces used here, offers appropriate conditions for the development of both species, and could be an alternative to conventional production systems in the Amazon, as well as, to increase the restoration of anthropized areas with native species.