CONTEXTO: Inquéritos populacionais recentes sugerem que a prevalência de disfunção erétil é de 30% a 56% entre homens acima de 40 anos. Entretanto, a maioria desses estudos foi realizada nos Estados Unidos ou Europa. É preciso estimar disfunção erétil a partir de amostras da população brasileira, uma vez que sociedades com diferenças étnicas, culturais e econômicas também podem diferir com respeito a fatores de risco para disfunção erétil. OBJETIVO: Este estudo visa determinar a prevalência de disfunção erétil e potenciais fatores correlatos em Santos, sudeste do Brasil. TIPO DE ESTUDO: Estudo de prevalência ou transversal. LOCAL: Cidade de Santos, Estado de São Paulo. PARTICIPANTES: Um inquérito, com questionário auto-administrado, enviado pelo correio, foi realizado numa amostra de base populacional. Monitores treinados distribuíram o questionário da pesquisa a homens de 40 a 70 anos, num envelope pré-endereçado e selado. Dos 718 homens convidados, 342 (47,6%) enviaram de volta o questionário completo. VARIÁVEIS ESTUDADAS: Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado com informações referentes a características demográficas, história médica pregressa e hábitos de vida. O grau de disfunção erétil foi categorizado como "nenhum", "mínimo", "moderado" ou "completo" de acordo com a capacidade do indivíduo em "ter e/ou manter uma ereção satisfatória para relações sexuais". Análises bivariada ajustada para idade e multivariada foram realizadas para calcular a razão de chances (odds ratio) e intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: A prevalência de algum grau de disfunção erétil foi de 45,9% (mínima, 33,9%; moderada, 8,5%; completa, 3,5%), aumentando com a idade. Na análise bivariada, comparando-se os homens sem ou com disfunção erétil mínima versus aqueles com disfunção erétil moderada ou completa, história de diabetes ou hipertensão, sintomas de depressão, tabagismo (³ 40 cigarros/dia) e obesidade (índice de massa corpórea > 30,0 kg/m²) foram significativamente associados com prevalência aumentada de disfunção erétil (p < 0,05), enquanto que o consumo moderado de álcool foi inversamente associado com disfunção erétil. No modelo multivariado, idade foi um preditor forte de disfunção erétil, enquanto história de diabete ou hipertensão e tabagismo permaneceram significativamente associados com disfunção erétil. CONCLUSÃO: Consistentemente com outros estudos de prevalência de disfunção erétil, encontramos alta proporção (45,9%) de homens acima de 40 anos no Brasil com algum grau de disfunção erétil, aumentando a prevalência e a gravidade de disfunção erétil com a idade. As variáveis de estilo de vida e de condições de saúde associadas à disfunção erétil podem alertar os médicos acerca de pacientes sob risco de disfunção erétil, como também oferecem pistas quanto à etiologia da disfunção erétil. Profissionais de saúde deveriam sempre perguntar aos seus pacientes sobre saúde sexual e disfunção erétil, uma vez que uma grande proporção da população experimenta tais problemas.
CONTEXT: Recent population-based surveys suggest that the prevalence of erectile dysfunction is between 30% and 56% among men over the age of 40. Most of these studies, however, are from the United States or Europe. We need estimates of erectile dysfunction from samples of Brazilian populations, as societies that differ ethnically, culturally, and economically may also differ with respect to potential risk factors for erectile dysfunction. OBJECTIVE: To determine the prevalence of erectile dysfunction and its potential correlates. SETTING: Santos, State of São Paulo. DESIGN: Cross-sectional study. PARTICIPANTS: A population-based sample of men aged 40-70 years. Out of 718 men invited, 342 (47.6%) returned a completed questionnaire. MAIN MEASUREMENTS: Data on demographic variables, medical history, lifestyle habits and degree of erectile dysfunction. RESULTS: The prevalence of any degree of erectile dysfunction was 45.9% (minimal, 33.9%; moderate, 8.5%; complete, 3.5%) and increased with age. In bivariate age-adjusted analyses comparing men with no erectile dysfunction or minimal erectile dysfunction with those with moderate or complete erectile dysfunction, histories of diabetes or hypertension, depressive symptoms, heavy smoking and obesity were significantly associated with increased prevalence of erectile dysfunction, whereas moderate alcohol consumption was inversely associated with erectile dysfunction. In the multivariate model, age was a strong predictor of erectile dysfunction, while history of diabetes or hypertension and heavy smoking remained significantly associated with increased prevalence of erectile dysfunction. CONCLUSION: We found higher prevalence of erectile dysfunction (45.9%) among men older than 40 years old in Brazil. The variables associated with erectile dysfunction may alert physicians to patients who are at risk of erectile dysfunction as well as offer clues to the etiology of erectile dysfunction. Physicians should routinely ask their patients about sexual health and erectile dysfunction.