A banda Som Imaginário surgiu no ano de 1969 com o intuito de acompanhar o músico Milton Nascimento em sua turnê na qual promovia seu álbum Milton (1970). Nos anos seguintes, o grupo pôde alçar vôos independentes que resultaram em três discos gravados pela Odeon em 1970, 1971 e 1973. Neste artigo, pretendemos articular a produção musical do grupo com o contexto da MPB no começo da década de 70, marcado principalmente pela ditadura em seu momento mais repressivo e pela consolidação da indústria fonográfica no país. No que se refere aos dois primeiros álbuns, ambos homônimos, nos deteremos nas letras das canções, que revelam os posicionamentos políticos e os valores culturais daquela geração dos anos de 1970, que sofria os efeitos da repressão ditatorial ao mesmo tempo em que recebia tardiamente as informações estrangeiras da contracultura e do movimento hippie. Musicalmente, consideraremos o álbum Matança do porco de 1973, totalmente instrumental, como um importante exemplo daquele momento histórico. Através da análise de sua produção e de sua estruturação composicional tentaremos levantar algumas questões, sobretudo aquelas que envolvem os conflitos e as acomodações dos elementos do nacional-popular e internacional - popular na sua criação e as condições da indústria fonográfica naquele período.
The Brazilian band "Som Imaginário" was created in 1969 to accompany the musician Milton Nascimento on his tour the following year to promote his album Milton (1970). In the next years the group pursued independent projects, which resulted in three albums recorded for Odeon Label in 1970, 1971 and 1973. In this article, we articulate the group's musical production within the context of MPB (Música Popular Brasileira) in the early 1970s, marked mainly by the country's dictatorship in its most repressive period coupled with the consolidation of the country's music industry. Regarding the first two albums, which share the same title, we analyse the lyrics of the songs, which reveal political positions and cultural values of the 1970s generation, which suffered the dictatorial repression while receiving delayed information from foreign counterculture and the hippie movement. Musically, we consider the album Matança do Porco (Slaughtering the pig) from 1973, which is totally instrumental, as an icon of that historic moment. Through analysis of their production and their compositional structure we raise issues such as those involving conflicts and consolidation of national and international popular elements in its creation and the conditions of the recording industry during that period.