Em torno de duas sinédoques históricas, Ulisses e Fausto, o texto retoma a etimologia do termo saúde (do latim salute), tratando-a como uma unidade entre as "necessidades existenciais" e as "necessidades propriamente humanas", que desemboca no desafio de satisfazer o "conservar a vida" e, ao mesmo tempo, o "passar por cima de, saltando". Ambos os significados encontram-se, respectivamente, presentes na atitude de Ulisses em não sucumbir ante o canto das sereias e no desejo de Fausto em elevar-se da vida cotidiana. Criticam-se alguns aspectos da concepção marxista da filosofia da história e do marxismo-estruturalista de Althusser. Analisa-se, ainda, à luz da teoria marxista-helleriana, a hipótese de que o alvo do Relatório Final da 8ª Conferência Nacional de Saúde teria sido o homem-particular e não o indivíduo, pois a saúde ali é tratada apenas como uma "necessidade existencial", não objetivando o humano-genérico. Como desafio teórico, o texto, visando ao devir do indivíduo, recomenda, finalmente, a construção de "suturas epistemológicas" entre natureza/sociedade, entre vida cotidiana/universalidade e entre o jovem e o velho Marx.
Concentrating on two historical synecdoches, Ulysses and Faust, this article takes up the etymology of the Latin term salute as a unit lying somewhere between "existential needs" and "especially human needs", leading to the challenge of satisfying the need for "conservation of life" and at the same time to "surpass it, go beyond it". Both meanings are present in Ulysses’ attitude of not succumbing to the siren’s melody and in Faust’s desire to rise above everyday life. Some aspects of the Marxist conception of the philosophy of history and Althusser’s Structuralist Marxism are criticized. Also, in light of Marxist-Hellerian theory, the article analyzes the hypothesis that the target of the final reports of the VIII National Health Conference was "particular man" and not the individual, since health is treated only as "an existential need", and does not envisage the generic human. As a theoretical challenge, the text, in search of the unfolding individual, finally recommends the construction of "epistemological sutures" between nature and society, everyday life and universality, and the young and old Marx.