Como parte de investigação epidemiológica sobre condições de saúde na infância, foram estudadas a cobertura e a qualidade da assistência materno-infantil prestada à população do Município de São Paulo. Todas as estimativas do estudo baseiam-se em dados obtidos através de inquérito recordatório aplicado a uma amostra representativa de crianças menores de cinco anos residentes no Município (n = 1.016). A cobertura da assistência pré-natal foi estimada em 92,9%, sendo que em cerca de 70% dos casos a assistência foi iniciada no primeiro trimestre de gestação e o número de consultas realizadas foi de seis ou mais. A cobertura da assistência hospitalar ao parto foi estimada em 99,0%, observando-se que 47,1% das crianças nasceram através de cesareanas. A cobertura da assistência de puericultura foi estimada em 98,0%, sendo que em dois terços das vezes a assistência foi iniciada nos primeiros dois meses de vida. Ainda com relação à puericultura, pôde-se observar: grande concentração de consultas no primeiro ano de vida (em média 7,7 consultas), percentagem relativamente alta de crianças vacinadas (Sabin = 86,7%, Tríplice = 85,1%, BCG = 89,0%, Anti-sarampo = 85,9%), decréscimo expressivo de consultas após a idade de doze meses e pequena proporção de crianças com assistência odontológica (19,5%). A estratificação social da população revelou diferenciais sócio-econômicos mínimos quanto à cobertura geral da assistência materno-infantil, observando-se, entretanto, diferenças expressivas quanto a aspectos qualitativos da assistência. Comparando-se o presente inquérito com outros realizados no país, observa-se que a situação de São Paulo apresenta-se mais favorável do que a observada no conjunto das áreas urbanas brasileiras. Verifica-se também que tem sido positiva a evolução recente da assistência materno-infantil no Município. As principais deficiências ainda encontradas dizem respeito a características relacionadas à qualidade da assistência, sendo imprescindível, sobretudo nos estratos populacionais de pior nível sócio-econômico, elevar a cobertura da assistência pré-natal precoce e a cobertura de puericultura após o primeiro ano de vida. Um item especialmente preocupante relacionado à assistência ao parto foi a alta incidência de cesareanas, uma das maiores já registrada em uma população.
A survey of 1,016 randomly selected children under five years of age was carried out in S. Paulo city, Brazil, with a view to studying the epidemiology of health conditions. The quality and the coverage of maternal and child care were observed. Both characteristics were estimated by means of domiciliary interviews. The prenatal care coverage was 92.9%. In 70% of the cases prenatal care started in the first quarter of pregnancy and the number of visits was 6 or more. Ninety-nine percent of the children were born in hospitals and in 47.1% of the cases caesarean section was mentioned. Ninety-eight percent of the children went, at least once, to well-baby clinics, about two thirds of them during the first two months of life. With regard to the activities provided by those clinics, a great concentration of visits in the first year of life (averaging 7.7 visits per child) was observed as well as a high percentage of immunized children (Sabin 86.7%, DPT 85.1%, BCG 89.0%, Measles 85.9%), a striking decrease of visits after 12 months of age and a very small proportion of children attended by an odontology specialist (19.5%). Considering the global coverage of maternal and infant care, minimal differences were observed between socioeconomic strata. Nevertheless the differences were impressive when qualitative aspects of the care were taken into account. Compared with other surveys made in Brazil, the present one shows that the situation of S. Paulo city is better than that of other urban areas of the country. It was also observed that there has been an increase in maternal and child care coverage over the last decade. The main problems still found in the city seem to be related to the qualitative aspects of the assistance. Early attraction of women for prenatal care and an increase in the coverage of well-baby clinics after the first year of life are definitely necessary, particularly for the poorest segments of the population. One important aspect which is a reason for concern is the enormous incidence of caesarean sections one of the highest ever registered in a population.