RESUMO: Objetivo: Examinar as associações existentes entre ingestão de ácidos graxos e a síndrome metabólica (SM) entre mulheres com sobrepeso e obesidade (n = 223). Métodos: Trata-se de estudo transversal. Os testes físicos e laboratoriais incluíram antropometria, avaliação da composição corporal e mensuração da pressão arterial, glicemia de jejum, insulinemia e perfil lipídico. Registros alimentares de três dias foram utilizados para avaliação do aporte de ácidos graxos na dieta. Análises estatísticas contemplaram teste do χ2 e estimação de odds ratio . Resultados: As mulheres apresentavam 35,2 (6,9) anos de idade e a prevalência de SM foi de 15,2%. Mulheres com SM apresentaram níveis séricos mais elevados de VLDL-c (very low-density lipoprotein cholesterol ), triglicérides, glicose e insulina, além de maior medida de pressão arterial diastólica em relação às não portadoras da síndrome. Mulheres com sobrepeso e SM apresentaram maior consumo de ácido graxo monoinsaturado - 24,3 g (24,7 - 36,4) versus mulheres com sobrepeso sem SM - 23,9 g (23,8 - 26,8), poli-insaturado - 16,7 g (14,6 - 21,1) versus mulheres com sobrepeso sem SM - 13,6 g (13,8 - 15,8) e linoleico - 15,9 g (6,5) versus mulheres com sobrepeso sem SM - 13,1 g (5,1). Nas obesas, as mulheres com SM também apresentaram maior ingestão de ácido graxo linoleico - 17,6 g (6,1) versus mulheres obesas sem SM - 14,3 g (6,6), além de maior consumo de gorduras trans - 4,7 g (4,8 - 6,3) versus mulheres obesas sem SM - 3,9 g (2,9 - 4,6). Quartis mais elevados da ingestão de ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados, linoleico e trans foram significativamente associados a grande ocorrência de SM. Conclusão: A ingestão de lipídeos parece se associar à ocorrência de SM, embora outros fatores também devam ser considerados, tais como estilo de vida, genética e metabolismo.
ABSTRACT: Objective: To examine relations between fatty acids intake and metabolic syndrome (MetS) status among overweight and obese women (n = 223). Methods: This was a cross-sectional study. The physical and laboratory tests included anthropometry, body composition evaluation and measurements of blood pressure, fasting blood glucose, insulinemia and lipid profiles. A three-day food diary was used to evaluate fatty acids consumption. Statistical analysis included χ2 test and odds ratio measurements. Results: The women had 35.2 (6.9) years old and 15.2% presented MetS. Women with MetS presented higher serum levels of very low-density lipoprotein cholesterol, triglycerides, glucose and insulin in addition to higher diastolic blood pressure in comparison to women without MetS. Overweight women with MetS consumed higher amounts of monounsaturated fatty acids - 24.3 g (24.7 - 36.4) versus overweight women without MetS - 23.9 g (23.8 - 26.8), polyunsaturated fatty acids - 16.7 g (14.6 - 21.1) versus overweight women without MetS - 13.6 g (13.8 - 15.8) and linoleic fatty acids - 15.9 g (6.5) versus overweight women without MetS - 13.1 g (5.1). Among obese women with MetS, higher intake of linoleic fatty acids was also noted - 17.6 g (6.1) versus obese women without MetS - 14.3 g (6.6) in addition to higher consumption of trans fatty acids - 4.7 g (4.8 - 6.3) versus obese women without MetS - 3.9 g (2.9 - 4.6). Increased quartiles of monounsaturated, polyunsaturated, linoleic and trans fatty acid intake were significantly associated with a greater occurrence of MetS. Conclusion: Lipid intake may be related to MetS, although other factors also need to be considered, such as lifestyle, genetics and metabolism.