INTRODUÇÃO: Embora os stents farmacológicos tenham reduzido de forma inconteste o crescimento neointimal e sua consequência clínica direta, a reestenose, questionamentos acerca de sua segurança a longo prazo têm motivado o desenvolvimento de novas tecnologias. A aplicação sistêmica de fármacos antiproliferativos teria o potencial de solucionar o problema da reestenose e ao mesmo tempo amenizar a questão da segurança tardia inerente aos polímeros sintéticos. Recentemente, estudo investigando a administração intravenosa de uma solução de paclitaxel ligado à albumina (ABI-007) produziu efeito discreto na redução da formação de tecido neointimal. Este trabalho teve como objetivo avaliar, por meio da angiografia e do ultrassom intracoronário (USIC) seriados, a efetividade da aplicação intracoronária do ABI-007 na supressão da hiperplasia neointimal após implante de stents não-farmacológicos MÉTODO: Entre novembro de 2006 e maio de 2007, pacientes portadores de lesões coronárias de novo, com extensão < 18 mm, em vasos nativos de 2,5 mm a 3,5 mm de diâmetro, foram submetidos a intervenção coronária percutânea com implante de stents não-farmacológicos, seguida de injeção intracoronária de 70 mg/m² de ABI-007. Avaliação com angiografia e USIC foi programada para todos os pacientes imediatamente após o procedimento e aos seis meses de seguimento. Desfecho primário era a perda luminal tardia (QCA) e o porcentual de obstrução volumétrica gerado pela hiperplasia neointimal (USIC) aos seis meses RESULTADOS: Foram incluídos 11 pacientes, com média de idade de 58,4 ± 7,3 anos, 54% do sexo feminino e 18,2% de diabéticos. A artéria descendente anterior foi o vaso mais frequentemente tratado (45,5%) e a maioria das lesões era do tipo A/B1 (63,7%). A administração de ABI-007 foi bem tolerada por todos os pacientes. Aos seis meses, a perda luminal tardia foi de 0,84 ± 0,46 mm, tendo sido identificados três casos (27,3%) de reestenose binária. Ao USIC, o porcentual de obstrução volumétrica foi de 38,4 ± 16,2%. Não houve casos de remodelamento vascular significativo, nem de má-aposição tardia dos stents. Ao final de dois anos, não houve ocorrência de eventos cardíacos maiores CONCLUSÃO: Embora a administração intracoronária de ABI-007 tenha sido bem tolerada, sem efeitos tóxicos adversos reportados, essa modalidade terapêutica apresentou baixa capacidade de suprimir a formação de tecido neointimal após implante de stents nãofarmacológicos, com perda tardia e porcentual de obstrução volumétrica semelhantes aos observados após implante de stents não-farmacológicos isolados.
BACKGROUND: Although drug-eluting stents have proven to be highly effective in decreasing neointimal hyperplasia and its direct clinical consequence, restenosis, concerns regarding their long-term safety have led to the development of new technologies. The systemic use of antiproliferative drugs may resolve restenosis while minimizing the longterm safety issues inherent to synthetic polymers. Recently, a study investigating the intravenous administration of albumin-bound paclitaxel (ABI-007) showed that it produced a mild effect on the reduction of neointimal tissue formation. The present study was aimed at investigating, by means of serial angiography and intravascular ultrasound (IVUS), the efficacy of intracoronary ABI-007 administration in the suppression of neointimal hyperplasia after bare-metal stent implantation METHOD: From November 2006 and May 2007, patients with de novo coronary lesions < 18 mm were submitted to percutaneous coronary intervention using bare-metal stents, followed by a 70 mg/m² intracoronary injection of ABI-007. Angiography and IVUS assessment was planned for all of the patients immediately after the procedure and at the six-month follow-up. The primary end-point was late lumen loss (LL) and percent neointimal volume obstruction caused by neointimal hyperplasia (IVUS) at 6 months RESULTS: 11 patients were included, with mean age of 58.4 ± 7.3 years, 54% were female and 18.2% diabetics. Left anterior descending artery was the most frequent vessel treated (45.5%) and most of the lesions were type A/B1 (63.7%). ABI-007 administration was well tolerated by all patients. At the 6-month follow-up, LL was 0.84 ± 0.46 mm and three cases (27.3%) of binary restenosis were identified. IVUS percent volumetric obstruction was 38.4 ± 16.2%. No cases of significant vascular remodeling or late acquired stent malapposition were observed. After two years, there were no cases of major adverse cardiac events CONCLUSION: Although the intracoronary ABI-007 administration was well tolerated, with no adverse toxic events reported, this treatment modality demonstrated a low capacity of suppressing neointimal tissue formation after bare-metal stent implantation, with late loss and percent of volumetric obstruction percentages similar to those observed after bare-metal stent implantation alone.