ResumoIntrodução:Apesar de rara, a fístula átrio-esofágica é uma das complicações mais temidas na ablação por radiofrequência da fibrilação atrial pelo alto risco de mortalidade.Objetivo:Este é um estudo prospectivo controlado, realizado durante a ablação por radiofrequência da fibrilação atrial regular, para testar se o deslocamento do esôfago ao manipular o transdutor de ecocardiografia transesofágica poderia ser usado para a proteção de esôfago.Métodos:Setecentos e quatro pacientes (158 mulheres e 546 homens [22,4%/77,6%]; 52,8±14 [17-84] anos), com EF média igual a 0,66±0,8 e com fibrilação atrial refratária ao tratamento medicamentoso, foram submetidos à terapia híbrida com ablação por radiofrequência (isolamento convencional das veias pulmonares e ninhos de fibrilação atrial e ablação de taquicardia de background) com deslocamento do esôfago o mais longe possível do alvo da radiofrequência por manuseio do transdutor de ecocardiografia transesofágica. A temperatura luminal esofágica foi monitorada com e sem deslocamento em 25 pacientes.Resultados:O deslocamento esofágico significativo foi de 4 a 9,1 centímetros (5,9±0,8 cm). Em 680 dos 704 pacientes (96,6%), isso foi o suficiente para permitir a entrega completa e segura de radiofrequência (30W/40ºC/cateter irrigado ou 50W/60ºC/cateter de 8 milímetros) sem sobreposição do esôfago. As alterações médias de temperatura luminal esofágica com e sem deslocamento de esôfago foram de 0,11±0,13ºC versus 1,1±0,4ºC, respectivamente, P<0,01. A radiofrequência teve que ser interrompida em 68% dos pacientes sem deslocamento de esôfago devido ao aumento da temperatura luminal esofágica. Não houve nenhum caso, suspeito ou confirmado, de fístula átrio-esofágica. Foram observados apenas dois sangramentos superficiais causados por inserção do transdutor de ecocardiografia transesofágica.Conclusão:O deslocamento mecânico do esôfago pelo transdutor de ecocardiografia transesofágico durante a ablação com radiofrequência foi capaz de impedir o aumento da temperatura luminal esofágica, ajudando a evitar lesão térmica. Na maioria dos casos, o deslocamento esofágico foi suficiente para permitir a aplicação segura de radiofrequência sem sobreposição do esôfago, sendo uma alternativa conveniente para reduzir o risco de fístula átrio-esofágica.
AbstractIntroduction:Although rare, the atrioesophageal fistula is one of the most feared complications in radiofrequency catheter ablation of atrial fibrillation due to the high risk of mortality.Objective:This is a prospective controlled study, performed during regular radiofrequency catheter ablation of atrial fibrillation, to test whether esophageal displacement by handling the transesophageal echocardiography transducer could be used for esophageal protection.Methods:Seven hundred and four patients (158 F/546M [22.4%/77.6%]; 52.8±14 [17-84] years old), with mean EF of 0.66±0.8 and drug-refractory atrial fibrillation were submitted to hybrid radiofrequency catheter ablation (conventional pulmonary vein isolation plus AF-Nests and background tachycardia ablation) with displacement of the esophagus as far as possible from the radiofrequency target by transesophageal echocardiography transducer handling. The esophageal luminal temperature was monitored without and with displacement in 25 patients.Results:The mean esophageal displacement was 4 to 9.1cm (5.9±0.8 cm). In 680 of the 704 patients (96.6%), it was enough to allow complete and safe radiofrequency delivery (30W/40ºC/irrigated catheter or 50W/60ºC/8 mm catheter) without esophagus overlapping. The mean esophageal luminal temperature changes with versus without esophageal displacement were 0.11±0.13ºC versus 1.1±0.4ºC respectively, P<0.01. The radiofrequency had to be halted in 68% of the patients without esophageal displacement because of esophageal luminal temperature increase. There was no incidence of atrioesophageal fistula suspected or confirmed. Only two superficial bleeding caused by transesophageal echocardiography transducer insertion were observed.Conclusion:Mechanical esophageal displacement by transesophageal echocardiography transducer during radiofrequency catheter ablation was able to prevent a rise in esophageal luminal temperature, helping to avoid esophageal thermal lesion. In most cases, the esophageal displacement was sufficient to allow safe radiofrequency application without esophagus overlapping, being a convenient alternative in reducing the risk of atrioesophageal fistula.