Objetivou-se estudar a morbidade referida pela população urbana amostrada, no Município de Botucatu, SP, Brasil, em 1983/84, segundo sexo, idade, escolaridade e renda per capita. O método consistiu em entrevistas domiciliárias, com aplicação de dois formulários pré-codificados. Os entrevistadores eram leigos treinados e supervisionados, e a pessoa entrevistada foi quase sempre a mãe de família. O período recordatório estabelecido em relação aos eventos informados (queixas, sintomas, acidentes comuns e diagnósticos) foi de três semanas. Das 7.075 pessoas amostradas (12% da população), 56% apresentaram episódios mórbidos, totalizando 6.649 episódios. As mulheres, bem como o grupo etário de 50 e mais anos apresentaram maior freqüência de queixas. A escolaridade e a renda per capita não diferenciaram os entrevistados quanto à ocorrência maior ou menor de episódios. A prevalência de episódios mórbidos foi de 939/1.000 entrevistados. Predominaram queixas do aparelho respiratório (20% do total de queixas), principalmente as infecções respiratórias agudas. Em segundo lugar, os sinais e sintomas mal definidos (19%) e, a seguir, as doenças do sistema osteo-muscular, do sistema nervoso e do sistema circulatório, com proporções similares (ao redor de 9%) e, finalmente, as do sistema digestivo e as lesões e envenenamentos (ao redor de 8%). Foram estimados os coeficientes de prevalência por grupos de doença (pela CID), segundo as variáveis estudadas. São comentadas as dificuldades de comparação dos resultados obtidos com os de trabalhos congêneres, face às diferenças nos métodos usados, apontando-se para a necessidade de uma padronização metodológica dos estudos de morbidade referida, cuja importância epidemiológica e para o planejamento em saúde vem sendo amplamente reconhecida.
The objective of the study was to analyse the referred morbidity of the urban population resident in the city of Botucatu, S. Paulo State, Brazil for the period 1983-1984 was analysed. Data was obtained from a sample population of 7,075 persons (12 per cent of the population) by means of household interviews using two pre-codified questionnaires applied by trained lay interviews under supervision. The recall period of the events was fixed at three weeks. The variables studied were: sex, age, schooling, "per capita" income, and referred morbidity (complaints, symptoms, common accidents, and diagnoses). The results showed that 56 percent reported episodes of illness to a total of 6,649. Women of 50 or more years old presented the highest frequency of complaints. There was no variation of occurrence of episodes in terms of "per capita" income. The prevalence of illness episodes was 939 per thousand persons. There was a predominance of complaints relating to the respiratory system (20 per cent of complaints), mainly acute respiratory infections; on a second level was signs, symptoms and ill-defined conditions (19 per cent), followed by diseases of the musculoskeletal system, of the nervous system and of the circulatory system (about 9%) and, finally, diseases of the digestive system and lesions and poisoning (8%). Specific rates of prevalence according to groups of diseases (ICD) and to the variables of study were estimated. The difficulties of comparing these results with those given by other works, because of the lack of homogeneity in the criteria adopted for obtaining information, are commented on. It is concluded that there is a need for a standardized procedure in any study of referred morbidity because of its epidemiological importance and its use in health planning.