Em um mundo competitivo, a maneira como uma firma estabelece seus arranjos organizacionais pode determinar sua capacidade de ampliar suas competências essenciais, bem como a possibilidade de atingir novos mercados. Empresas que atuam em apenas um mercado encontram obstáculos para se expandir e por meio de alianças elas encontram uma forma competitiva de criar valor. Formas híbridas apresentam-se primeiramente como alternativas de capturar valor e gerenciar ativos quando o mercado e a hierarquia organizacional não apresentam ganhos para a competitividade da firma. Como resultado, essa forma apresenta desafios como a alocação de direitos e os problemas de agência. O mercado de biocombustíveis tem apresentado mudanças contínuas nos últimos dez anos. Novos arranjos intra-firmas apareceram como um caminho para participar ou sobreviver no cenário de competição global. Dada a necessidade de capital para atingir melhores resultados, tem havido um movimento consistente de fusões e aquisições no setor de biocombustíveis, principalmente desde a crise financeira de 2008. Em 2011 existiam cinco grandes grupos no Brasil com capacidade de moagem de mais de 15 milhões de toneladas por ano: Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), Louis Dreyfus, Tereos Petrobras, ETH e Bunge. Grandes companhias de petróleo têm adotado uma estratégia de diversificação como forma de proteção contra os crescentes custos do petróleo. Por meio da análise da aliança entre Cosan e Shell no mercado de biocombustíveis brasileiros, neste artigo avalia-se o modo de governança e os desafios que surgem quando as firmas buscam atingir novos mercado pelo compartilhamento de competências essenciais com empresas locais. Neste artigo tem-se por base pesquisa documental e entrevistas com analistas do departamento de Relações com Investidores da Cosan e examinam-se as questões centrais que permeiam as formas híbridas por meio de Teoria dos Custos de Transação, Teoria da Agência, Visão Baseada em Recursos e da abordagem das capacidades dinâmicas. Um ponto focal neste estudo é a apropriação do conhecimento e os ativos específicos gerados com a aliança estratégica. Uma vez que a aliança é formada espera-se que as competências sejam compartilhadas e novas capacidades expandam os limites da firma. Cosan e Shell compartilham uma série de recursos estratégicos relacionados às suas competências. A Raízen foi formada com base em incentivos econômicos, bem como na melhoria dos recursos internos que aumentassem a presença da empresa no setor de energia mundial. Entretanto, alguns desafios podem estar relacionados ao controle e ao monitoramento dos agentes, considerando que a empresa Raízen é composta por duas partes com culturas organizacionais, conhecimentos tácitos e incentivos de longo prazo distintos. O caso estudado ilustra um arranjo híbrido como forma alternativa de organizar as transações entre firmas: nem mercado nem hierarquia, mas sim uma forma mais flexível de arranjo com uma autoridade central. Os mecanismos de governança corporativa são igualmente um desafio, uma vez que o alinhamento entre companhias parentes em joint ventures é bastante complexo. Essas características conduzem a um organismo com dependência bilateral, oferecendo condições favoráveis para desenvolver capacidades dinâmicas. Entretanto, essas condições dependem dos interesses de longo prazo de cada participante da aliança estratégica.
In a competitive world, the way a firm establishes its organizational arrangements may determine the enhancement of its core competences and the possibility of reaching new markets. Firms that find their skills to be applicable in just one type of market encounter constraints in expanding their markets, and through alliances may find a competitive form of value capture. Hybrid forms of organization appear primarily as an alternative to capturing value and managing joint assets when the market and hierarchy modes do not present any yields for the firm's competitiveness. As a result, this form may present other challenging issues, such as the allocation of rights and principal-agent problems. The biofuel market has presented a strong pattern of changes over the last 10 years. New intra-firm arrangements have appeared as a path to participate or survive among global competition. Given the need for capital to achieve better results, there has been a consistent movement of mergers and acquisitions in the Biofuel sector, especially since the 2008 financial crisis. In 2011 there were five major groups in Brazil with a grinding capacity of more than 15 million tons per year: Raízen (joint venture formed by Cosan and Shell), Louis Dreyfus, Tereos Petrobras, ETH, and Bunge. Major oil companies have implemented the strategy of diversification as a hedge against the rising cost of oil. Using the alliance of Cosan and Shell in the Brazilian biofuel market as a case study, this paper analyses the governance mode and challenging issues raised by strategic alliances when firms aim to reach new markets through the sharing of core competences with local firms. The article is based on documentary research and interviews with Cosan's Investor Relations staff, and examines the main questions involving hybrid forms through the lens of the Transaction Cost Economics (TCE), Agency Theory, Resource Based View (RBV), and dynamic capabilities theoretical approaches. One focal point is knowledge "appropriability" and the specific assets originated by the joint venture. Once the alliance is formed, it is expected that competences will be shared and new capabilities will expand the limits of the firm. In the case studied, Cosan and Shell shared a number of strategic assets related to their competences. Raízen was formed with economizing incentives, as well to continue marshalling internal resources to enhance the company's presence in the world energy sector. Therefore, some challenges might be related to the control and monitoring agents' behavior, considering the two-part organism formed by distinctive organizational culture, tacit knowledge, and long-term incentives. The case study analyzed illustrates the hybrid arrangement as a middle form for organizing the transaction: neither in the market nor in the hierarchy mode, but rather a more flexible commitment agreement with a strategic central authority. The corporate governance devices are also a challenge, since the alignment between the parent companies in the joint ventures is far more complex. These characteristics have led to an organism with bilateral dependence, offering favorable conditions for developing dynamic capabilities. However, these conditions might rely on the partners' long-term interest in the joint venture.
En un mundo competitivo, la manera como una empresa establece sus disposiciones organizacionales puede determinar la mejora de sus competencias esenciales y la posibilidad de alcanzar nuevos mercados. Empresas que actúan en un solo tipo de mercado encuentran restricciones para expandirse, no obstante, pueden encontrar una forma competitiva de crear valor por medio de alianzas estratégicas. Las formas híbridas de organización aparecen principalmente como una alternativa a la hora de capturar valor y administrar activos, cuando el mercado y la jerarquía organizacional no presentan rendimientos para la competitividad de la empresa. Como resultado, esta forma presenta desafíos, tales como la asignación de derechos y problemas de agencia. El mercado de biocombustibles ha presentado cambios continuos a lo largo de los últimos diez años. Nuevos acuerdos entre empresas aparecieron como un medio de participar o sobrevivir en el escenario de la competencia global. Dada la necesidad de capital para lograr mejores resultados, se ha producido un movimiento constante de fusiones y adquisiciones en el sector de los biocombustibles, especialmente desde la crisis financiera de 2008. En 2011 existían cinco grandes grupos en Brasil, con una capacidad de molienda de más de 15 millones de toneladas al año: Raízen (joint venture formada por Cosan y Shell), Louis Dreyfus, Tereos Petrobras, ETH, y Bunge. Las principales empresas petroleras han puesto en práctica una estrategia de diversificación como forma de protección contra el aumento del costo del petróleo. Por medio del estudio de la alianza entre Cosan y Shell en el mercado brasileño de biocombustibles, se analizan en este trabajo el modo de gobernanza y los desafíos que se plantean cuando las empresas intentan conquistar nuevos mercados compartiendo competencias básicas con las empresas locales. Este artículo se basa en investigación documental y entrevistas con profesionales del departamento de Relaciones con Inversores de Cosan. Se examinan las principales cuestiones que involucran formas híbridas por medio de la Teoría de los Costos de Transacción, Teoría de la Agencia, Teoría de Recursos y Capacidades (RBV) y el estudio teórico de las Capacidades Dinámicas. Un punto central es la apropiación del conocimiento y los activos específicos generados por la alianza estratégica. Una vez que se forme la alianza, se espera que las competencias sean compartidas y que las nuevas capacidades amplíen los límites de la empresa. En el caso estudiado, Cosan y Shell comparten una serie de recursos estratégicos relacionados con sus competencias. Raízen se formó a partir de incentivos económicos y siguió reuniendo recursos internos para mejorar la presencia de la compañía en el sector energético mundial. Sin embargo, algunos problemas podrían relacionarse con el control y el monitoreo o seguimiento de los agentes, teniéndose en cuenta que la empresa Raízen está formada por dos partes que presentan cultura organizacional, conocimiento tácito e incentivos de largo plazo distintos. El caso en estudio ilustra un acuerdo híbrido como una forma alternativa de organizar las transacciones entre empresas: ni de mercado ni de jerarquía, sino más bien un término de compromiso más flexible con una autoridad central. Los dispositivos de gobernanza corporativa son asimismo un desafío, ya que la alineación entre empresas semejantes en joint ventures es mucho más compleja. Estas características dan lugar a un organismo con dependencia bilateral, lo que ofrece condiciones favorables al desarrollo de capacidades dinámicas. Sin embargo, tales condiciones dependen de los intereses a largo plazo de cada parte de la alianza estratégica.