Após a publicação de Adeus ao Proletariado, em 1980, o entendimento do trabalho como uma atividade historicamente específica da modernidade capitalista é uma das traves-mestras do edifício teórico construído por André Gorz. O trabalho está intimamente associado ao surgimento de uma esfera econômica desvinculada da sociedade e, na qualidade de trabalho abstrato, ao fim, em si mesmo irracional, da valorização do valor. Neste artigo, pretendemos caracterizar detalhadamente a evolução do conceito de trabalho nas principais obras de Gorz e, depois, comparar a noção gorziana acerca da historicidade do trabalho com as ideias de três autores francófonos: Dominique Méda, Françoise Gollain e Serge Latouche. Procuraremos aferir as semelhanças e as divergências entre os autores mencionados. Finalmente, será salientado que as razões aventadas para o devir histórico do trabalho podem ser mais bem entendidas no contexto embrionário comum da “revolução militar”, no século XVI, que inaugurou a era moderna no mundo ocidental.
After the publishing of Farewell to the Working Class, in 1980, the understanding of labor as a historically specific activity peculiar to capitalist modernity is one of the major tenets of the theoretical edifice built by André Gorz. Labor is closely related to the emergence of an economic realm disembedded from society and, as abstract labor, to the irrational end in itself of the valorization of value. In this article, we aim to characterize in detail the evolution of the concept of labor in Gorz's main works and, then, to compare the gorzian notion of the historicity of labor with the ideas of three francophone authors: Dominique Méda, Françoise Gollain and Serge Latouche. We will assess the similarities and the divergences that exist among the mentioned authors. Finally it will be emphasized that the reasons suggested for the historical emergence of labor can be better grasped in the common embryonic context provided by the “military revolution”, in the 16th century, which marks the beginning of the modern age in the western world.
Après la publication de Adieux au Proletariat, en 1980, la compréhension du travail, considéré historiquement comme une activité spécifique de la modernité capitaliste, est l'un des piliers de l'édification théorique construite par André Gorz. Le travail est intimement lié à l'apparition d'une sphère économique n'ayant pas de rapport avec la société, et en tant que travail abstrait en soi finalement irrationnel, ni avec la valorisation de la valeur. Dans cet article, nous voulons caractériser en détail l'évolution du concept de travail dans les œuvres principales de Gorz. Ensuite nous comparons cette notion sur l'historicité du travail avec les idées de trois auteurs francophones, à savoir Dominique Méda, Françoise Gollain et Serge Latouche. Nous faisons un relevé analytique des ressemblances et des différences entre les auteurs mentionnés. Enfin, nous pouvons faire remarquer qu'il est plus facile de comprendre les raisons énoncées pour le développement historique du travail dans le contexte embryonnaire commun de la “révolution militaire” du 16ème siècle qui a inauguré l'ère moderne dans le monde occidental.