Resumo Os maus-tratos infantis são um grave problema de saúde pública. A fim de elucidar fatores associados à sua ocorrência, no presente estudo foram analisados 14.564 casos de maus tratos contra crianças reportados no Rio Grande do Sul entre 2010 e 2014. Foram analisados aspectos que operam em níveis contextuais imediatos (gênero da criança e fase do desenvolvimento, sexo do perpetrador, parentesco entre a vítima e perpetrador) e intermediários (respostas do profissional da saúde) dos casos reportados. Resultados de qui quadrado demonstraram que meninas tendem a ser vulneráveis ao abuso sexual e psicológico, principalmente durante a terceira infância. Meninos tendem a ser expostos a maus tratos físicos, na terceira infância, e à negligência na primeira infância. Homens foram os principais agressores identificados. Os resultados são discutidos com base em revisão teórica sobre concepções socioculturais de características desenvolvimentais infantis, práticas parentais e papéis de gênero. Sugerem-se modificações no processo de notificação e encaminhamento dos casos.
Abstract Child maltreatment is a severe Public Health issue. To understand its associated factors, our study analyzed 14.564 cases of child maltreatment recorded in the state of Rio Grande do Sul between 2010 and 2014. In our study, we analyzed immediate contextual aspects (child’s gender and developmental stage, perpetrator’s gender, family relationship between the victim and the perpetrator) and intermediate aspects (health professionals’ response). Chi-square analysis showed that girls were more likely to be vulnerable to sexual and psychological abuse, especially in middle childhood. Boys, on the other hand, were more likely to experience neglect in infancy and physical abuse in middle childhood. Males were the main perpetrators. Our results are discussed, based on a theoretical review of the sociocultural conceptions of child developmental characteristics, parenting practices, and gender roles. We suggest changes in the notification process and case referral.
Resumen El maltrato infantil es un grave problema de salud pública. Con el fin de exponer los factores asociados a su ocurrencia, en el presente estudio se analizaron 14.564 casos de maltrato infantil reportados en Rio Grande do Sul entre 2010 y 2014. Se analizaron aspectos que operan a niveles contextuales inmediatos (género del niño y etapa de desarrollo, sexo del perpetrador, parentesco entre la víctima y el perpetrador) e intermediarios (respuestas del profesional de la salud) de los casos reportados. Los resultados del chi-cuadrado mostraron que las niñas tienden a ser vulnerables al abuso sexual y psicológico, especialmente durante su tercera infancia. Los niños tienden a ser expuestos al maltrato físico en la tercera infancia y a la negligencia en la primera infancia. Los principales agresores identificados fueron los hombres. Los resultados se discuten en base a una revisión teórica sobre las concepciones socioculturales de las características del desarrollo infantil, las prácticas parentales y los roles de género. Se sugieren modificaciones en el proceso de notificación y el direccionamiento de casos.