No diagnóstico diferencial das hemorragias do terceiro trimestre da gestação, de causa exclusivamente obstétrica, incluem-se descolamento prematuro da placenta, inserção baixa da placenta (placenta prévia, com seus subtipos), ruptura uterina, ruptura do seio marginal placentário e ruptura de vasos prévios (VP). Os três primeiros diagnósticos são mais freqüentes, têm fatores epidemiológicos conhecidos e, portanto, são de diagnóstico mais fácil. Ocorre que há obstetras com larga experiência prática, assim como ultra-sonografistas especializados em Medicina Fetal, que, apesar de conhecerem o assunto em teoria, nunca se defrontaram na prática obstétrica com os VP e muito menos com sua ruptura. Motivou-nos escrever este artigo o fato de termos assistido e participado, após 32 anos de prática constante e ininterrupta de Obstetrícia, de forma dramática e pela primeira vez, de um caso de ruptura de VP que resultou em óbito fetal, durante o trabalho de parto. Os tratados de Obstetrícia são muito concisos e repetitivos ao tratar do assunto. Porém, ao fazer uma revisão mais acurada sobre o assunto em tela, pudemos constatar que, apesar de tratar-se de eventualidade rara, uma fatalidade, há na literatura atual clara indicação de que é possível o diagnóstico desta entidade mórbida durante a gestação, por meio de tecnologia mais avançada. Feito o diagnóstico, deve o tocólogo interromper a gestação, quando da maturidade fetal, e, deste modo, promover significativa diminuição das altas taxas de mortalidade fetal, que oscilam entre 33 e 100%.
The differential diagnosis of hemorrhages during the third trimester of pregnancy due exclusively to obstetrical causes includes: abruptio placentae, low insertion of placenta (placenta previa with subtypes), rupture of the uterus, rupture of the marginal placental sinus and rupture of the vasa previa. The three first diagnoses occur more frequently, their epidemiological factors are better known and therefore, have an easier diagnosis. It is common for obstetricians with long practical experience, as well as for ultrasonographers specialized in fetal medicine and who thoroughly know their theory, not to have ever been exposed to practical obstetrical cases of vasa previa or their rupture. The reason to write this article was the fact that, during the past 32 years, we have been working constantly and uninterruptedly in obstetrical practice and we have seen only one case of rupture of vasa previa during labor, which killed the fetus. Initially, we investigated the issue in obstetrical textbooks having no luck whatsoever, except for a couple of lines on the subject. Carrying out our search in depth, we were able to learn that, even though a rarity, today's literature on the subject suggests that it is possible to have a diagnosis for this morbid entity during gestation, and to solve the problem by making the cesarian section mandatory in these cases, leading to a significant reduction in the actual fetal mortality figures which, according to experts, vary between 33 and 100%.