OBJETIVO: Avaliar o tamanho real da epidemia sobre dengue ocorrida na zona urbana do Município de Santa Bárbara D'Oeste, SP, Brasil, de abril a junho de 1995. MÉTODOS: Foi realizado um inquérito soroepidemiológico pós-epidêmico 5 meses após o final da epidemia da dengue. Foram processados 1.113 soros através de amostragem aleatória domiciliar da população da cidade pesquisada. As taxas de infecção em diferentes partes da cidade foram relacionadas com os graus de infestação por Aedes aegipty e com a quantidade de casos notificados durante a epidemia. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Foi encontrada variação concomitante e diretamente proporcional entre as taxas de infecção pelo vírus da dengue, em diferentes partes da cidade, e os graus de infestação domiciliar por Aedes aegipty, bem como em relação ao número de casos notificados durante a epidemia. Encontrou-se prevalência de 630 por 100 mil habitantes, representando valor 15 vezes superior ao de incidência de casos confirmados laboratorialmente durante a epidemia. Através de comparação retrospectiva com dados de notificação compulsória, observou-se que a vigilância epidemiológica não detectou a maioria das pessoas soro-reativas. Apesar disso, notificou grande quantidade de casos que não eram de indivíduos com dengue, tipificando um valor preditivo positivo baixo (15,6%) para o diagnóstico clínico de dengue quando o resultado laboratorial (HAI) é tomado como padrão-ouro.
OBJECTIVE: The objective of this study was to evaluate the real size of the epidemics registered in the urban area of the county of Santa Bárbara D'Oeste, SP, Brazil, from April to June, 1995. The measurement of the epidemiological validity of the official surveillance system criteria and its positive predicted value were adopted as specific goals. METHODS: A sero-epidemiological survey was carried out over a sample of 1,113 sera from citizens of Santa Barbara D'Oeste, through a systematic random sampling of houses, five months after the end of the epidemics. Infection rates were compared with the infestation indexes by Aedes aegipty and the notified cases amongst the county sections. The importance of submitting patients with clinical suspicion of dengue to laboratory tests was discussed. RESULTS AND DISCUSSION: It was found that infection rates by dengue virus varied in the same direction and proportion as the presence of Aedes aegipty larvae reported by the "Breteau Index", as well as the number of cases reported by the official notifiable diseases surveillance system during the epidemics. A prevalence of 630 by 100 thousand inhabitants was found, a 15-fold rate when compared to the laboratory positive sera from cases detected by the surveillance system during the epidemics. A retrospective comparison with the surveillance reports, using serological results as a gold standard, also showed that the majority of dengue specific serum-positive individuals were not detected during the epidemics, otherwise cases that did not present serological reaction were notified exhibiting a low positive predictive value of clinical diagnosis (15,6).