Há raras descrições da AIDS associadas a manifestações sugestivas de síndrome de Behçet. Apresentamos o caso de uma jovem senhora que apresentou progressivamente no período de sete anos, critérios clínicos para o diagnóstico de síndrome de Behçet e que ao desenvolver meningoencefalite linfomonocitária recidivante, observou-se estar infectada com o vírus HIV-1. A terapêutica imunodepressora com glicocorticóides em altas doses não foi satisfatória e a paciente veio a falecer por toxoplasmose cerebral, suspeita por ressonância magnética e confirmada por necrópsia, após sua terceira internação. Níveis baixos de CD4 e da relação CD4/CD8, algumas vezes observadas na síndrome de Behçet ativa, no entanto, mais altos do que comumente se observa na presença desta complicação oportunística grave, foram outros elementos que nos levaram a dificuldade diagnóstica, alertando o clínico para a necessidade de interpretar com restrições os achados laboratoriais. A falta de conhecimento definitivo do período no qual se infectou pelo HIV-1 possibilita as seguintes considerações: ou estamos diante de síndrome de superposição de distintas enfermidades; ou, então, de uma forma inusitada de apresentação evolutiva, mimetizando a síndrome de Behçet, numa enferma infectada por este vírus, que, posteriormente, desenvolveu AIDS.
Few cases of AIDS associated to manifestations suggesting Behçet's syndrome have been reported. This case is of a young married woman who presented, during a period of 7 years, clinical manifestations consistent with the late diagnosis of Behçet's syndrome, when she developed recurrent lymphomonocytic meningoencephalitis. At this time, she was found to be infected by HIV-1. Immunosupressive doses of glucocorticoid produced an unsatisfactory response and she evolved to death due to CNS toxoplasmosis. The latter diagnosis was presumed on the basis of magnetic resonance imaging findings and proved by necropsy after her third hospital stay. One of the factors hindering the appropriate diagnosis was the low level of CD4 and the CD4/CD8 ratio, sometimes observed in active Behçet's syndrome and higher than those observed in patients with this severe opportunistic infection. No information about the exact period of time she had been infected with HIV-1 is available. So, we do not know whether both diseases were overlor, if the patient, infected by HIV-1, developed an unusual clinical feature consistent with Behçet's Behçet's syndrome, and subsequently evolved to AIDS.