INTRODUÇÃO: A avaliação da taxa de prevalência de transtornos mentais na infância e adolescência contribui para o aumento do conhecimento de sua distribuição numa dada população e fornece dados para o planejamento, execução e avaliação dos serviços de saúde. Objetivou-se avaliar queixas referidas a "problemas dos nervos" na população de 1 a 19 anos, como forma de aproximação à questão da prevalência da doença mental nessa faixa etária. MÉTODOS: Foi estudado um grupo de 141 crianças e adolescentes com queixas referidas a "problemas dos nervos" a partir de um levantamento populacional realizado numa amostra de 3.158 indivíduos, residentes na região sudoeste da Grande São Paulo, de julho de 1989 a julho 1990. Foram analisados: tipos de queixas, causas referidas, idade, sexo e conduta. RESULTADOS: A prevalência obtida foi de 4,7%. Houve crescimento das queixas com o aumento da idade, predomínio do sexo masculino nos mais jovens e do feminino a partir dos 14 anos. A busca de ajuda foi referida em 22,6% dos casos e o preditor mais importante foi a gravidade da queixa. CONCLUSÕES: A taxa de prevalência encontrada referiu-se à capacidade de reconhecimento dos transtornos mentais pela população, refletindo a representação que a família tem destes problemas. Foi encontrada baixa procura de atendimento; foram apontadas as possíveis causas e discutidos mecanismos possíveis de intervenção para o resgate da necessidade não atendida.
INTRODUCTION: Determining the prevalence of mental disturbances in childhood and adolescence gives us a better knowledge of their distribution in a given age group and provide us data for planning, implementing and evaluating health care programs. This survey was centered on complaints of "nervous problems" in a population group ranging from 1 to19 years old as a tool to measure mental illness prevalence in that age group. METHODS: A group of 141 children and teenagers with complaints of nervous problems participated in the study, drawn by applying questionnaires from June, 1989 to July, 1990 to a sample of 3,158 people in the age group 1-19 years old, living in the Southeast area of Grande São Paulo. It was conducted an analysis of the nature of the complaints, their referred reasons and behavior, age, and gender. RESULTS: The prevalence of complaints of nervous problems was 4.7%. The older they were the more they complained. It was noticed a male predominance in the younger group and female preponderance in the group 14 years old or older. One in five tried to get any help, and severity of their complaint was the most important predictor for that. CONCLUSION: The prevalence was due to the population's ability to identify mental illnesses and it also reflects the family understandings of these problems. As only a few sought for health care, possible causes were identified and intervention actions were proposed to satisfy the unattended needs.