Resumo Este estudo incluiu gestantes positivas para sífilis atendidas por parto ou aborto, entre 1997 e 2004, no Hospital São Lucas, Porto Alegre, RS. Foram levantados desfechos obstétricos subsequentes das mesmas, até dezembro 2011, para investigar a recorrência da doença. De 450 gestantes com sorologia positiva, atendidas de 1997 a 2004, 166 tiveram pelo menos mais um atendimento obstétrico até dezembro de 2011, sendo incluídos 266 novos desfechos obstétricos. A sífilis congênita (SC) foi evidenciada em 81,9% das gestações iniciais e em 68,4% das subsequentes. As principais causas da SC nas gestações subsequentes foram positivação do VDRL no parto e tratamento não documentado. Os títulos de VDRL foram superiores a 1:4, em 50,4% nas gestações iniciais, e em 13,3% nas subsequentes (p < 0,001). A taxa de natimortalidade foi de 119/1000, nas gestações iniciais, e de 41/1000, nas subsequentes (p < 0,01). A recorrência da SC foi frequente em gestações sucessivas da mesma paciente. A ausência ou inadequação de pré-natal foi o principal fator de risco para SC, tanto nas gestações iniciais quanto nas subsequentes. Os dados obtidos sugerem que, nas gestações subsequentes, mais neonatos não infectados podem ter sido definidos como casos de SC, pela insuficiência de informação sobre os antecedentes pré-natais da gestante.
Abstract This study included data on syphilis-positive pregnant women seen for delivery or miscarriage, between 1997 and 2004, in Sao Lucas Hospital, Porto Alegre, RS. Their subsequent obstetric outcomes were studied, until December 2011, to see if the disease recurred. From 450 pregnant women with positive syphilis serology, seen from 1997 to 2004, 166 had at least one more obstetric attendance until December 2011, with 266 new obstetric outcomes. Congenital syphilis (CS) was demonstrated in 81.9% of the initial pregnancies and in 68.4% of the subsequent ones. The main causes of CS in subsequent pregnancies were a negative VDRL that turned positive at delivery, and undocumented treatment. VDRL titers were higher than 1:4 in 50.4% of the initial and 13.3% of the subsequent pregnancies (p < 0.01). Perinatal mortality rate was 119/1000 in initial and 41/1000 in subsequent pregnancies (p < 0.01). CS recurrence was frequent in subsequent pregnancies of women who tested positive for syphilis in a preceding pregnancy. No or inadequate prenatal care was the main risk factor for CS, both in initial and in subsequent pregnancies. These data suggest that non-infected neonates could have been defined as CS cases because of insufficient information about the mother's history.