Foi estudada a avifauna de quatro fragmentos florestais em uma área de cultivo de cana-de-açúcar na região de Campos dos Goytacazes, norte do estado do Rio de Janeiro. A dieta básica e a estrutura das guildas tróficas foi determinada. O estudo foi realizado de outubro de 2000 a julho de 2001, utilizando-se capturas com redes ornitológicas, registros visuais e auditivos e análise de fezes. Quarenta e quatro espécies foram registradas e agrupadas em oito guildas tróficas (insetívoros, granívoros, carnívoros, frugívoros, piscívoros, nectarívoros, onívoros e detritívoros). Estas espécies foram também subdivididas em guildas mais específicas, associadas a seus hábitats. Algumas espécies apenas sobrevoaram os fragmentos, como Egretta thula (Molina, 1782), enquanto outras foram consideradas residentes, como Manacus manacus (Linnaeus, 1766). Algumas, como Amazona amazonica (Linnaeus, 1766), somente utilizaram os fragmentos para repouso noturno. Espécies pequenas de sub-bosque provavelmente não se deslocaram entre fragmentos, dada a relativa grande distância entre eles. Predadores como Rupornis magnirostris (Gmelin, 1789) utilizaram tanto os fragmentos quando as áreas abertas e canaviais em seu entorno. Estes fragmentos estão em situação crítica, abrigando principalmente espécies generalistas e/ou especialistas de bordas; porém ainda são utilizados de alguma forma por espécies de interesse ecológico, como Rhynchocyclus olivaceus (Temminck, 1820) e A. amazonica.
Birds of four forest fragments in areas of extensive sugar-cane plantation were studied in Campos dos Goytacazes, northern Rio de Janeiro State, Brazil, from October 2000 to July 2001. The basic diet of sampled species and their trophic guild allocation were determined. The study was carried out by means of capture with mist nets, visual and auditive records and analysis of faeces. Forty-four species were recorded and grouped in eight trophic guilds (insectivores, granivores, carnivores, frugivores, piscivores, nectarivores, omnivores and carrion eaters). The species were also allocated into smaller guilds, associated to their habitats. Some species only fly over the fragments, as Egretta thula (Molina, 1782), while others are residents, as Manacus manacus (Linnaeus, 1766), and some used these fragments for nocturnal resting, as Amazona amazonica (Linnaeus, 1766). Small understory species apparently do not travel between fragments, given their relatively large spacing. Raptors, such as Rupornis magnirostris (Gmelin, 1789) live in both fragments and nearby open areas. Fragments in critical situation, supporting mainly generalists and/or edge species, still support some species with ecological interest, such as Rhynchocyclus olivaceus (Temminck, 1820) and A. amazonica.