OBJETIVO: Verificar a prevalência e o perfil da violência de gênero (física, psicológica e sexual) perpetrada contra a mulher pelo parceiro(a) atual ou passado. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em unidade básica de saúde, em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. A amostra estudada foi constituída por 251 mulheres de 18 a 49 anos que consultaram o serviço de saúde durante os meses de outubro e novembro de 2003. Os dados, colhidos por meio de questionário, foram digitados em planilha eletrônica, com dupla entrada. As análises estatísticas utilizadas foram univariada e bivariada, além do teste qui-quadrado. RESULTADOS: Encontraram-se as seguintes prevalências de violências: psicológica (55%, IC 95%: 49-61), física (38%; IC 95%: 32-44) e sexual (8%; IC 95%: 5-11). Algumas variáveis estatisticamente associadas às violências foram: idade das mulheres (psicológica: p=0,004) escolaridade das mulheres (psicológica e física, respectivamente: p=0,012;0,023), dos companheiros (p=0,004; 0,000), classe social (p=0,006; 0,000), anos de união (p=0,006; 0,005), ocupação do companheiro (p=0,015; 0,001), número de gestações (p=0,018; 0,037), e prevalência de distúrbios psiquiátricos menores (p=0,000;0,000). CONCLUSÕES: O presente estudo evidenciou elevadas prevalências de violência baseada em gênero perpetrada pelo companheiro entre usuárias de uma unidade básica de saúde. Serviços de atenção primária em saúde possuem um importante papel na prevenção da violência contra a mulher.
OBJECTIVE: To investigate the prevalence and profile of gender violence (physical, psychological, and sexual) perpetrated against women by current or former intimate partners. METHODS: This is a cross-sectional study carried out at a primary healthcare unit in the city of Porto Alegre, Southern Brazil. Our sample comprised 251 women aged 18-49 years who attended the healthcare unit between October and November 2003. Data were collected by means of a questionnaire and double-entered into a electronic spreadsheet. We carried out univariate and bivariate analyses and the chi-square test. RESULTS: The prevalence of the three types of violence were: psychological (55%, 95% CI: 49-61), physical (38%; 95% CI: 32-44), and sexual (8%; 95% CI: 5-11). Variables significantly associated with the three types of violence included woman's age (psychological: p=0.004), woman's schooling (psychological and physical; p=0.012 and 0.023, respectively), partner's schooling (p=0.004, 0.000), social class (p=0.006, 0.000), years with partner (p=0.006, 0.005), partner's occupation (p=0.015, 0.001), number of pregnancies (p=0.018, 0.037), and prevalence of minor psychiatric disorders (p=0.000, 0.000). CONCLUSIONS: The present study found high prevalences of gender violence perpetrated by intimate partners among the users of a primary healthcare unit. Such units play an important role in preventing violence against women.