RESUMO Glândulas nodais são encontradas em um terço dos gêneros de Polygalaceae e possuem grande importância taxonômica, ecológica e evolutiva. No Brasil, ocorrem em cinco, dos onze gêneros já registrados. Contudo, ainda há controvérsias quanto à origem dessas estruturas. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a morfologia e a origem das glândulas nodais em Caamembeca spectabilis, visando ampliar o conhecimento estrutural e funcional dessas glândulas no gênero. Amostras das regiões nodais foram coletadas, fixadas e processadas segundo os métodos em microscopia de luz e eletrônica de varredura. Formigas foram observadas e identificadas ao longo do eixo caulinar. A glicose no exsudato permite tratar as glândulas como nectários extraflorais. Esses estão localizados aos pares na região nodal. Porém, sua origem ocorre no traço foliar. Os nectários, em secção longitudinal, apresentam as células do ápice com paredes anticlinais impregnadas com suberina, sendo este o primeiro registro para a família. Nessa região também ocorre a formação de um orifício por lise. O tecido secretor do nectário é circundado pelo floema. Vasos de xilema foram observados apenas na base do nectário, onde também ocorrem idioblastos com cristais do tipo drusas. Dessa forma, este estudo confirma a trajetória ontogenética das glândulas nodais em C. spectabilis, as quais, de fato, estão ligadas às folhas, como nectários estipulares. Além de apresentar dados inéditos que auxiliam a compreensão morfológica e anatômica das mesmas em Caamembeca.
ABSTRACT Nodal glands are found in one third of the Polygalaceae genera and have valuable taxonomic, ecological and evolutionary significance. In Brazil, they occur in five of the eleven genera already registered. However, there is still a controversy regarding the origin of these structures. The objective of this study was to characterize the morphology and the origin of nodal glands inCaamembeca spectabilis, in order to increase the structural and functional knowledge of these glands in the genera. Samples of nodal regions were collected, fixed and processed according to the methods of light microscopy and electron scanning. Ants were observed and identified along the stem axis. The glucose in exudate allows us to classify these glands as extrafloral nectaries. They are located in pairs on the nodal region. However, its origin is in the leaf trace. In the longitudinal section, the nectaries were present in the apex of cells with anticlinal walls impregnated with suberin, which represents the first record for the family. In this region there is also the formation of a hole by lysis. The secretory tissue is surrounded by phloem. Xylem vessels were observed only on the basis of the nectary, where there are also idioblasts with crystals in druse type. We have studied the ontogeny of the glands nodal in Caamembeca spectabilis and unveiled that these glands are linked to the leaves as stipular nectaries. In addition, the new findings presented here may add support for the understanding of morphology and anatomy of nodal glands in Caamembeca.