RESUMO Objetivo: conhecer as situações presentes no trabalho de enfermeiros atuantes em maternidades e centros obstétricos que podem conduzir ao sofrimento moral. Método: estudo qualitativo, exploratório e descritivo, desenvolvido com 14 enfermeiros atuantes em centros obstétricos e maternidades de dois hospitais do sul do Brasil. Os dados foram coletados de outubro de 2015 a janeiro de 2016, por meio de entrevista semiestruturada, analisados com base na Análise de Conteúdo. Resultados: verificou-se ocorrência do sofrimento moral relacionado às atividades que suplantam as capacidades de execução pelos enfermeiros, levando-os a priorizar as atividades administrativas e gerenciais, das quais os mesmos são cobrados pelas instituições, deixando de participar diretamente da assistência, aspecto potencializado pelo quantitativo inadequado de profissionais de enfermagem. Relações assimétricas de poder e interações conflituosas compõem uma ambiência de tolhimento da autonomia do enfermeiro, impedindo-o de agir em consonância com seus saberes e valores morais. As infrutíferas tentativas de mudar o contexto desumanizador por meio da advocacia e a visualização de condutas desrespeitosas, intervencionistas e violentas contra as mulheres, geram sofrimento moral. Conclusão: a pluralidade de fazeres do enfermeiro, a reduzida autonomia, o desrespeito em relação à sua prática e a visualização de condutas desumanizadoras geram sofrimento moral. Destaca-se a importância de buscar alternativas para que os enfermeiros possam agir e advogar em consonância com seus saberes e valores morais, de modo autônomo e empoderado, visando propiciar uma assistência ao nascimento digna e segura, e uma ambiência que respeite a mulher e sua autonomia.
ABSTRACT Objective: to know the situations found in the work of nurses working in maternity hospitals and obstetric centers that can lead to moral suffering. Method: qualitative, exploratory and descriptive study, developed with 14 nurses working in bstetric centers and maternities of two hospitals in southern Brazil. Data were collected from October 2015 to January 2016, through a semi-structured interview, analyzed based on Content Analysis. Results: there was an occurrence of moral distress related to the activities that supplanted nurses’ execution capacity, leading them to prioritize administrative and managerial activities, for which they are charged by the institutions, failing to participate directly in the care, an aspect enhanced by the quantitative nursing professionals. Asymmetric relations of power and conflicting interactions compose an atmosphere of toleration for the autonomy of the nurses, preventing them from acting in harmony with their knowledge and moral values. The fruitless attempts to change the dehumanizing context through advocacy and the visualization of disrespectful, interventionist and violent behaviors against women, generate moral suffering. Conclusion: the plurality of nurse actions, reduced autonomy, disrespect for their practice and the visualization of dehumanizing behaviors generate moral suffering. It is important to seek alternatives so that nurses may act and advocate in line with their moral knowledge and values, in an autonomous and empowered way, aiming to provide a dignified and safe childbirth assistance, and an environment that respects the woman and her autonomy.
RESUMEN Objetivo: conocer las situaciones presentes en el trabajo de enfermeros que actúan en maternidades y centros obstétricos que pueden llevar al sufrimiento moral. Método: estudio cualitativo, exploratorio y descriptivo, desarrollado con 14 enfermeros que actúan en centros obstétricos y maternidades de dos hospitales del sur de Brasil. Se recolectaron los datos de octubre de 2015 a enero de 2016, por medio de entrevista semiestructurada, y se analizaron en base al Análisis de Contenido. Resultados: se pudo comprobar los hechos de sufrimiento moral relacionados a actividades que suplantan capacidades de ejecución de enfermeros, llevándolos a priorizar las actividades de gestión y gerencial que son cobradas por las instituciones, dejando de participar directamente del cuidado, aspecto que se potencia por lo cuantitativo inadecuado de profesionales de enfermería. Las relaciones asimétricas de poder y las interacciones conflictivas forman un ambiente de parálisis de la autonomía del enfermero, no permitiéndole actuar en consonancia con sus saberes y valores morales. Los infructíferos intentos de modificar el contexto deshumanizador a través de las leyes y la visualización de conductas no respetuosas, intervencionistas y violentas contra las mujeres generan sufrimiento moral. Conclusión: la pluralidad de haceres del enfermero, la reducida autonomía, el no respeto en relación a su práctica y la visualización de conductas deshumanizadoras generan sufrimiento moral. Se destaca la importancia de buscar alternativas para que los enfermeros puedan actuar y abogar en consonancia con sus saberes y valores morales, de modo autónomo y empoderado, con el objetivo de propiciar un cuidado en el nacimiento digno y seguro, y un ambiente en que se respete a la mujer y su autonomía.