RESUMO Objetivo Analisar o impacto da aplicação de telemedicina no processo clínico de cuidado e seus diferentes efeitos sobre a cultura hospitalar e na prática assistencial. Métodos O conceito de telemedicina, por meio de uma cobertura integral em tempo real, foi implementada em dois hospitais diferentes em São Paulo, um secundário e público, o Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, e um terciário e privado, o Hospital Israelita Albert Einstein. Resultados Os dados foram obtidos a partir de 257 teleconsultas registradas ao longo de um período de 12 meses e comparados a igual período antes da implementação. Em 18 pacientes (7,1%), a telemedicina influenciou no diagnóstico e, para 239 pacientes (92,9%), a consulta contribuiu para o manejo clínico. Após a implementação da telemedicina, o protocolo de trombólise para acidente vascular cerebral foi aplicado em 11% dos pacientes com acidente vascular cerebral. A introdução da telemedicina reduziu a necessidade de transferir pacientes para avaliação neurológica externa em 25,9%. O protocolo de sepse foi adotado, sendo observada redução da mortalidade em 30,4% nos casos de sepse grave. Conclusão A aplicação da telemedicina está associada com diferenças na utilização dos serviços de saúde: transferências, mortalidade, implementação de protocolos e apoio à decisão médica, especialmente em relação à trombólise. Estes resultados destacam o papel da telemedicina como um vetor de transformação da cultura hospitalar e seu impacto sobre a segurança e na qualidade assistencial.
ABSTRACT Objective To describe the impact of the telemedicine application on the clinical process of care and its different effects on hospital culture and healthcare practice. Methods The concept of telemedicine through real time audio-visual coverage was implemented at two different hospitals in São Paulo: a secondary and public hospital, Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, and a tertiary and private hospital, Hospital Israelita Albert Einstein. Results Data were obtained from 257 teleconsultations records over a 12-month period and were compared to a similar period before telemedicine implementation. For 18 patients (7.1%) telemedicine consultation influenced in diagnosis conclusion, and for 239 patients (92.9%), the consultation contributed to clinical management. After telemedicine implementation, stroke thrombolysis protocol was applied in 11% of ischemic stroke patients. Telemedicine approach reduced the need to transfer the patient to another hospital in 25.9% regarding neurological evaluation. Sepsis protocol were adopted and lead to a 30.4% reduction mortality regarding severe sepsis. Conclusion The application is associated with differences in the use of health services: emergency transfers, mortality, implementation of protocols and patient management decisions, especially regarding thrombolysis. These results highlight the role of telemedicine as a vector for transformation of hospital culture impacting on the safety and quality of care.