A neoplasia gástrica é doença heterogênea e multifatorial, com incidência e mortalidade variando geograficamente. Aproximadamente 60% dos diagnósticos em pacientes de países ocidentais ocorrem nos estádios III ou IV. Nestes doentes, o melhor tratamento consiste na realização de procedimento cirúrgico. OBJETIVO: Identificar os aspectos epidemiológicos de pacientes diagnosticados com adenocarcinoma gástrico T4b. MÉTODOS: Estudo observacional, transversal, retrospectivo, de fonte secundária, dos pacientes diagnosticados com adenocarcinoma gástrico T4b através de estadiamento patológico. Foram analisados 815 prontuários, sendo 27 pacientes estudados. As variáveis investigadas foram: aspectos demográficos, principais queixas, fatores de risco, acesso ao serviço de saúde, aspectos cirúrgicos, morbidade, mortalidade e sobrevida. RESULTADOS: Vinte e dois eram homens (81,5%) e cinco mulheres (18,5%) com idade variando de 38 a 87 e média de 58,78 anos. O tempo de acesso ao serviço, em meses, variou de 1 a 120, com média de 12,5. Os sinais e sintomas mais prevalentes foram: perda de peso 23 (85,2%), epigastralgia 22 (81,5%), vômitos 16 (59,3%) e plenitude gástrica 12 (44,4%). A frequência de acometimento das estruturas adjacentes foi: pâncreas oito (29,6%), fígado sete (25,9%), cólon transverso seis (22,2%), intestino delgado seis (22,2%), mesocólon três (11,1%), baço um (3,7%) e vesícula biliar um (3,7%). Morbidades pós-operatórias ocorreram em 51,85% dos pacientes. Houve associação significativa entre mortalidade cirúrgica e ocorrência de fístula/deiscência, choque séptico e sangramento. A sobrevida ao final de seis meses foi de 63,27%. CONCLUSÃO: A média do tempo entre início dos sintomas e acesso ao serviço de saúde especializado foi elevada. Mais da metade dos pacientes apresentaram morbidades pós-operatórias. Os pacientes que apresentaram fístula/deiscência, sangramentos e choque séptico tiveram associação significativa com mortalidade cirúrgica. A sobrevida ao final de seis meses foi de 63,27%.
BACKGROUND: Gastric neoplasia is a heterogeneous and multifactorial disease and its incidence and mortality vary widely based on geographic location. Approximately 60% of the diagnoses of patients from occidental countries were made on the stages III and IV. The best treatment still is to realize a surgical procedure. AIM: Identify the epidemiological aspects of the patients diagnosed with T4b gastric adenocarcinoma. METHODS: The study was observational, transversal and retrospective; it was also based on secondary sources from patients diagnosed with T4b gastric adenocarcinoma, through pathologic stages. A total of 815 charts were analyzed and 27 patients studied. The variables were: demographic aspects, main symptoms, risk factors, access to health system, surgical aspects, morbidity, mortality and survival. RESULTS: Were included 22 men (81,5%) and five woman (18,5%), in the age group between 38 and 87 years old - median age of 58. The time, in months, to access the health system varied from one to 120, average of 12,5 months. The most prevalent signs and symptoms were: weight loss 23 (85,2%), epigastric pain 22 (81,5%), vomit 16 (59,3%) and gastric fullness 12 (44,4%). The frequency of the affected adjacent body structures was: pancreas 8 (29,6%), liver 7 (25,9%), transverse colon 6 (22,2%), small intestine 6 (22,2%), mesocolon 3 (11,1%), spleen 1 (3,7%) and gallbladder 1 (3,7%). Postoperative morbidity occurred in 51, 85% of the patients. There were a significative association between surgical mortality and the occurrence of fistula/ dehiscence, septic shock and bleeding. The survival rate after six months was 63,27%. CONCLUSION: The mean time between onset of symptoms and access to specialized health services was high. More than half of the patients had postoperative morbidities. Patients who had fistula / dehiscence, bleeding and septic shock were significantly associated with surgical mortality. The survival rate after six months was 63.27%.