Resumo O Sistema Único de Saúde se sustenta pelos pressupostos do trabalho coletivo, de relações transversalizadas e do compartilhamento de saberes e práticas. Tais princípios, todavia, encontram dificuldade de efetivação perante o modelo biomédico e o desmonte da saúde pública nos últimos anos. Assim, objetivou-se analisar as relações entre profissionais de uma equipe gestora municipal e profissionais dos serviços de saúde. Para isso, realizou-se sete grupos focais com profissionais de gerência e trabalhadores e diretores de serviços de saúde, totalizando 100 participantes. As transcrições dos grupos compuseram um corpus que foi submetido à análise lexical do tipo classificação hierárquica descendente com o auxílio do software Iramuteq, originando cinco classes: “Cotidiano dos Serviços”, “Metáforas da Relação Gestão-Serviço”, “Cotidiano da Gerência”, “Construir Junto?” e “Relação Gestão e Serviço”. A relação gestão-serviços é marcada por ambiguidades. Ora é percebida como distante, e os profissionais da gestão são tidos como os que planejam e decidem e os dos serviços, como os que executam. Ora é vista como lugar de construção conjunta de projetos coletivos em torno de um sistema que dá certo. Isso afirma a discussão de um hibridismo entre o paradigma dominante e o paradigma emergente. Esse último com a intenção de incluir no rol das práticas cotidianas da saúde um olhar para as subjetividades presentes e a perspectiva da construção de relações transversalizadas entre os diversos atores sociais, demandando espaços que potencializam coletivos capazes de promover cogestão.
Abstract The Unified Health System is grounded on the assumptions of collective work, cross-sectional relationships, and the sharing of knowledge and practices. However, these principles find are difficult to implement in the face of the biomedical model and the dismantling of public health in recent years. Therefore, this work aimed to analyze the relationships between professionals from a municipal management team and health service professionals. Hence, seven focus groups were held with management professionals and workers and directors of health services, a total of 100 subjects. The groups’ transcriptions composed a corpus that was subjected to lexical analysis of the descending hierarchical classification type with the support of Iramuteq software creating five classes: “Service Day-to-Day,” “Management-Service Relationship Metaphors,” “Management Day-to-Day,” “Building Together?,” and “Management and Service Relationship.” The management-service relationship is marked by ambiguities. Sometimes it is perceived as distant, and the management professionals considered as those who plan and decide and the services professionals as those who perform. Other times it is seen as a place of joint construction of collective projects around a system that works. This affirms the discussion of a hybridism between the dominant paradigm and the emerging paradigm. The latter with the intention of including in the list of daily health practices a look at the subjectivities present and the perspective of building cross-sectional relationships among the various social actors, demanding spaces that potentiate collectives capable of promoting co-management.
Resumen El Sistema Único de Salud es sustentado por las premisas del trabajo colectivo, por las relaciones transversales y por compartir saberes y prácticas. Sin embargo, tales principios encuentran dificultades frente al modelo biomédico y al desmantelamiento de la salud pública en los últimos años. Por esta razón, se buscó analizar las relaciones entre los profesionales de un equipo gestor municipal y los profesionales del servicio de salud. Para esto, se determinó siete Grupos de Enfoque con profesionales de una gerencia, trabajadores y directores del servicio de salud, con un total de 100 personas. Las transcripciones de los grupos constituyeron un cuerpo que fue sometido a un análisis léxico del tipo Clasificación Jerárquica Descendiente, con el auxilio del software Iramuteq, originando cinco clases: “Cotidiano de los servicios”, “Metáforas de la relación gestión-servicio”, “Cotidiano de la Gerencia”, “¿Construir junto?” y Relación Gestión y Servicio. La relación gestión-servicio está marcada por ambigüedades. Puede ser percibida como distante, y a los profesionales de gestión como los que planean y deciden, y a los de servicio, como los que ejecutan. También puede ser vista como un lugar de construcción conjunta de proyectos colectivos en torno a un sistema que funciona de manera correcta. Eso afirma la discusión de un hibridismo existente entre el paradigma dominante y el paradigma emergente. Este último con la intención de influir en el rol de las prácticas cotidianas de la salud una aproximación a las subjetividades presentes y la perspectiva de construcción de relaciones transversalizadas entre los diversos actores sociales, demandando espacios que potencialicen a colectivos, capaces de promover la cogestión.