INTRODUÇÃO: Queloide e cicatriz hipertrófica são cicatrizes patológicas com natureza fisiopatogênica comum, denominadas, em conjunto, cicatrizes fibroproliferativas. São mais frequentes em indivíduos de pele mais escura. Contudo, a atual miscigenação dificulta o enquadramento dos pacientes com variadas tonalidades de pele em classificações morfológicas e estáticas (branco ou caucasoide, mulato, pardo, hispânico ou latino, amarelo ou oriental ou mongoloide e negro ou negroide), e diferentes quanto à exposição solar. Sabe-se que pessoas oriundas de países de clima temperado ou frio quando residem em países tropicais aumentam a incidência dessas cicatrizes, principalmente nas áreas de maior exposição solar. Uma relação entre as cicatrizes fibroproliferativas e os fototipos de Fitzpatrick, classificação dinâmica baseada no relato do paciente quanto a sua resposta cutânea após a exposição solar, poderia contribuir para a compreensão da fisiopatologia dessas cicatrizes. Este estudo teve como objetivo investigar a distribuição das cicatrizes fibroproliferativas segundo os fototipos de Fitzpatrick. MÉTODO: Foram avaliados 146 pacientes provenientes do Ambulatório da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp, São Paulo, SP, Brasil), portadores de qualquer tipo de cicatriz fibroproliferativa, em um ou mais locais do corpo. As cicatrizes fibroproliferativas dos pacientes foram classificadas de acordo com os critérios de Muir em cicatriz tipo queloide (Long-term Evolution, LTE), cicatriz tipo hipertrófica (Short-term Evolution, STE) e cicatriz tipo mista (Intermediate Group, IG), e os tipos de pele foram classificados segundo os fototipos de Fitzpatrick. RESULTADOS: O fototipo Fitzpatrick III e a cicatriz mista foram mais frequentes entre os pacientes avaliados (P = 0,001). Houve associação (P = 0,025) entre as cicatrizes fibroproliferativas e os fototipos de Fitzpatrick, ou seja, quanto maior o fototipo maior a tendência de desenvolvimento de cicatrizes dos tipos queloide e mista. CONCLUSÕES: Os fototipos de pele segundo Fitzpatrick mostraram-se válidos como critério a ser utilizado em estudos de queloide e cicatriz hipertrófica.
BACKGROUND: Keloid and hypertrophic scars have a common physiopathogenic origin and are defined as fibroproliferative scars. Fibroproliferative scars are frequent in individuals with darker skin. However, mixing of "races" renders it difficult to group patients with different skin tones according to morphological and static classifications (white for Caucasians; brown for individuals of Spanish descent (Hispanic/Latino); yellow for individuals of East Asian descent; and black for individuals of African descent) according to their response to sun exposure. It is known that when individuals whose ethnic origin is in colder countries move to tropical countries, they show a higher incidence of these types of scars, which mainly affect parts of the body that are more exposed to the sun. A correlation between fibroproliferative scars and Fitzpatrick phototype, a dynamic classification based on the skin's response to sun exposure, would contribute to an understanding of the pathophysiology of these scars. The aim of this study is to investigate the distribution of fibroproliferative scars according to Fitzpatrick phototypes. METHODS: We classified patients' fibroproliferative scars according to the Muir classification as Long-Term Evolution (keloid scars), Short-Term Evolution (hypertrophic scars), and Intermediate Group (mixed scars), while their skin types were grouped according to the Fitzpatrick classification. RESULTS: Fitzpatrick phototype III and mixed scars were predominant among the patients analyzed (p = 0.001). A correlation (p = 0.025) was observed between fibroproliferative scars and Fitzpatrick phototypes; the higher the phototype, the higher the tendency to develop keloid and mixed scar tissue. CONCLUSIONS: Fitzpatrick skin phototypes proved to be an efficient method to study keloid and hypertrophic scars.