Este artigo problematiza o conceito de igualdade, tal como um valor de verdade, funcionando no discurso da Justiça Restaurativa, a partir da análise de práticas discursivas na cidade de Porto Alegre/RS. Discurso que opera na lógica da inclusão de todos no espaço escolar, apostando na existência do funcionamento igual do humano e a escola tendo a função dessa formação. Uma inclusão que, ao mesmo tempo, afirma um "espaço de dentro" e um suposto "eu" das ciências humanas, agora atravessadas pelas ciências jurídicas. Vivemos uma biopolítica contemporânea que, buscando o gerenciamento do risco, mesmo que em potencial, produz um achatamento do que não se constituiu como mesmidade, na tentativa de garantir os "direitos de todos", pois este seria o preço cobrado pelo contrato da igualdade. Um discurso que funciona pela "defesa" das diferenças, trabalhada como o outro da identidade a ser resgatado e tornado igual. Uma biopolítica em nome da defesa da sociedade por meio do autogoverno num pan-óptico generalizado. E, junto a tais movimentos, poderíamos pensar em práticas de resistência que buscariam outras experimentações nesse campo educacional, tal como brechas de respiro, não para buscar instalar, então, uma verdade ainda mais verdadeira, mas justamente se colocando nesse jogo da verdade na problematização dos modos como estamos sendo governados e as implicações disso em nosso presente. Talvez um apostar em práticas pontuais, não generalizadas, desapegando-se de tantas identidades e encaminhamentos já disponíveis.
This article discusses the concept of equality, such as a truth value functioning in the discourse of Restorative Justice from the analysis of discursive practices in the city of Porto Alegre/RS. A discourse which operates in the logic of inclusion of everyone in the school space, which believes on an existence of human equal functioning, and the school having this compulsory formation. An inclusion which, at the same time, affirms an "inside space" and a supposed "self" of human sciences, now crossed by juridical sciences. We are living in a contemporary bio politics, which in the search for the risk management, even in potential, produces a flattering of what is not constituted as equal, trying to keep "everyone's right", because this would be the price charged by the equality contract. A discourse that works in the name of the "defense" of the differences, concerning this as the other of identity to be saved and became the same. A bio politics in the name of the defense of the society by means of self-government in a general panoptical. And, with those movements, should we think in practices of resistance which would search for other experimentations in this education field, such as a breach not to restore this way a truth still straighter, but specifically putting ourselves in this game of truth in the questioning of the ways as we have been governing and their implications into our present? Maybe these are a bet in punctual practices, still not generalized, detaching ourselves of so much identity and ways already available.