Este trabalho analisa a variabilidade do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) sobre o Brasil, utilizando-se a análise de agrupamentos. As análises foram feitas através de imagens do sensor Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR) para o período de janeiro de 1982 a dezembro de 1993. Os resultados obtidos mostram que na região Amazônica o ciclo anual do NDVI não é bem definido, visto que o máximo tipicamente ocorre em junho, dois meses após o período chuvoso, enquanto o mínimo se dá em dois períodos distintos: entre fevereiro e março e setembro e novembro. Na região central do Brasil, o cerrado apresenta um ciclo anual definido, com valores máximos de NDVI entre março e maio, e mínimos em setembro, final do período seco. Por outro lado, a vegetação das regiões da zona da mata nordestina e dos campos de Roraima apresentam um ciclo anual nítido, sendo que os maiores valores de NDVI ocorrem em junho e julho e os menores entre fevereiro e março, alguns meses antes do início das chuvas. No caso da região nordeste do Brasil, a caatinga mostra um ciclo anual bem definido, com um período seco marcante, sendo que os valores mais elevados de NDVI ocorrem entre os meses de abril e maio, que é o final da época das chuvas, e os menores em setembro e outubro. Em parte do Estado de Santa Catarina e no sul do Paraná, o ciclo anual das formações vegetais dominantes (floresta ombrófila aberta e floresta ombrófila mista) não é muito nítido. No sul do Brasil, a região de estepes não apresenta ciclo anual nítido, os valores máximos de NDVI geralmente ocorrem entre março e junho e os valores mínimos no mês de agosto. Além disso, constatou-se que os eventos El Niño, independente da sua intensidade, afetam distintamente os vários tipos de vegetação.
This paper deals with vegetation cover variability in Brazil using cluster analysis. The study was done using NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) images from the AVHRR (Advanced Very High Resolution Radiometer) sensors for the January1982-December1993 period. The results show that the annual cycle of NDVI in the Amazon region is not well defined; the maximum values typically occur in June, two months after the rainy season, while the minimum ones occur in two distinct periods: February-March and September-November. In Central Brazil, the Savannas has a well defined annual cycle, showing maximum NDVI values around March and May and a minimum in September. On the other hand, the seasonal variability of the Northeast Brazil (NE) "Zona da Mata" (Atlantic Forest) and Savannas of Roraima vegetation cover show high NDVI values in June and July and low values between February and March, a few months before the rainy season onset. In the case of NE, the "Caatinga" (thorn shrub) shows a well defined annual cycle with a remarkable dry period, the highest NDVI values occur between April and May, which is the end of the rainy season, and the smallest values occur in September and October. In portions of Santa Catarina and southern part of Parana State, the annual cycle of the prevailing vegetation cover (open ombrophylous forest and mixed ombrophylous forest) is not well defined, while in Southern Brazil, the Steppe region does show a seasonal variability, with maximum NDVI values between March and June and a minimum one in August. Also, it was observed that ENSO events, independent of their intensity, do affect the different types of vegetation cover mainly the dense and greener forest types (e.g. the Amazon forest).