Com a finalidade de esclarecer a patogenicidade de microorganismos que compõem a microflora vaginal, particularmente nas chamadas vaginites inespecíficas e de determinar o valor da citologia como método para identificação da flora vaginal, foram estudadas 97 pacientes, realizando cultura, exame direto a fresco, Gram e citologia do material cérvico-vaginal. Entre os microorganismos de importância clínica reconhecida, Gardnerella vaginalis foi o mais freqüentemente isolado, 48,4%, seguido de Trichomonas vaginalis, 10,3%, Candida albicans, 7,2% e Neisseria gonorrhoeae, 1,1%. Alterações citológicas indicativas de cervicite e/ou vaginite estiveram presentes na maioria dos casos de G.vaginalis, C.albicans e em todos os casos de T.vaginalis. Foi ressaltada a importância da avaliação semi-quantitativa dos microorganismos nos meios de cultura. Na avaliação da citologia como método diagnóstico para a microflora vaginal, foi observada que este foi o melhor dos métodos utilizados na identificação de T.vaginalis, tendo sido detectado cerca de 50% dos casos de C.albicans. No diagnóstico de G.vaginalis a citologia foi positiva em 48,9% dos casos, destacando-se que dos 31 casos positivos ao exame citológico, oito tiveram culturas negativas para G.vaginalis, embora tenham sido isolados nestes últimos: Haemophilus sp. ou Corynebacterium sp.
This work is an attempt to throw more light on the pathogenicity of microorganisms of the vaginal flora, specially those of the so-called nonspecific vaginitis. An attempt is made to determine the value of cytology as a method for the identification of vaginal flora, by the study of microbiologic cultures, fresh and Gram stain direct exam and citology of the cervico-vaginal specimens of 97 patients. Among microorganisms with clinical significance, Gardnerella vaginalis was the most frequently isolated organism, 48,4%, followed by Trichomonas vaginalis, 10.3%, Candida albicans, 7.2% and Neisseria gonorrhoeae, 1.1%. Cytologic changes typical of cervicitis and/or vaginitis were seen in the majority of cases of G. vaginalis, C. albicans, and in all cases of T.vaginalis. The importance of a semi-quantitative evaluation of the vaginal flora on the culture plates was stressed. In the evaluation of cytology as a diagnostic method of the vaginal microflora, we observed that it was the best of the two methods used in the identification of T.vaginalis and that it was capable of detecting the presence of about 50% of C.albicans. In the diagnosis of G. vaginalis cytology was positive in 48.9% of cases. It is of note that of 31 cases of positive cytologic smear, eight had negative culture for G. vaginalis, even though organisms such as Haemophilus sp or Corynebacterium sp had been isolated in these cases.