O estudo da implementação da escola obrigatória ao final do século XIX revela um fenômeno transnacional, em que os mais distintos países ocidentais construíram sistemas de ensino voltados para a universalização da educação elementar. No interior deste quadro, a Inglaterra apresenta um percurso característico, tendo sido um dos últimos países europeus a afirmar a escolarização da infância como dever das famílias e obrigação do Estado, embora constituísse a mais importante nação naquele período. Tendo como fonte o estudo das obras e periódicos científicos ingleses e europeus do campo da história e história da educação, busca-se analisar os referenciais historiográficos da produção inglesa sobre o tema, bem como apresentar o percurso histórico de legitimação da intervenção do Estado na instrução elementar. Na análise deste percurso tem-se como foco os projetos de acesso à instrução e cultura letrada desenvolvidos pelos distintos atores sociais, notadamente Estado, Igrejas e as classes trabalhadoras, ao longo do século XIX, na tensão entre a intervenção do Estado e o ideário liberal.
The study of the implementation of compulsory school at the end of the nineteenth century reveals a transnational phenomenon, in which the most distinguished Western countries built education systems aimed at universalizing elementary education. Within such context, England has a distinctive trajectory, having been one of the last European countries to affirm the education of children as a duty of families and an obligation of the state, although it was the most important nation in that period. Having as a source the study of English and European scientific journals in the field of History and History of Education, we seek not only to analyze the historiographical references of the English production on the topic, but also to present the historical path of the legitimization of state intervention in elementary instruction. In the analysis of this path, we have focused on the projects of access to instruction and literate culture developed by different social actors, notably the State, churches and the working classes along the nineteenth century, in the tension between state intervention and liberal ideas.
El estudio de la implantación de la enseñanza obligatoria a finales del siglo XIX revela un fenómeno transnacional, construido por distintos países occidentales destinado a la universalización de la educación primaria. Dentro de este marco, Gran Bretaña presenta una singularidad histórica, pues a pesar de haber sido la nación más importante en ese periodo, ha sido uno de los últimos países europeos a proclamar la educación de los hijos como un deber de las familias y obligación del Estado. Teniendo como fuentes la producción académica inglesa y europea en los campos de historia y historia de la educación, este artículo propone analizar sus referenciales historiográficos y, al mismo tiempo, presentar el curso de legitimación de la intervención estatal en la educación primaria. El objetivo es describir los distintos proyectos de extensión de educación desarrollados por los diferentes actores sociales, especialmente el Estado, las iglesias y las clases trabajadores a lo largo del siglo XIX, así como la tensión entre la intervención estatal y los ideales liberales y de autogobierno.