O sistema de cultivo e o manejo da adubação fosfatada influenciam a disponibilização do P no solo, seu acesso pelas plantas e, por fim, a produção das culturas. Em razão disso, há necessidade de se avaliar a distribuição do P no perfil do solo em experimentos de longa duração, para que se possa compreender o impacto de cada sistema de cultivo e manejo da adubação nesse processo. Foi utilizado um experimento localizado na Embrapa Cerrados, em Planaltina - DF, em Latossolo Vermelho muito argiloso, com teor de P muito baixo no início do experimento, cultivado por 14 anos com as culturas de soja e milho no verão e milheto como planta de cobertura nas seis últimas safras de inverno, recebendo 80 kg ha-1 ano-1 de P 2O 5 como superfosfato triplo ou fosfato natural reativo, aplicados no sulco de semeadura ou a lanço na superfície, sob sistema de preparo convencional (SPC) ou plantio direto (SPD). Foi avaliada a distribuição do P em sete camadas de solo (0 a 2,5; 2,5 a 5; 5 a 10; 10 a 20; 20 a 30; 30 a 40; e 40 a 50 cm), utilizando o extrator Bray 1. No 14° ano de cultivo foram utilizados os dados de rendimento de grãos de soja. Os resultados foram analisados estatisticamente, para comparações quanto à distribuição do P no perfil do solo e ao rendimento de grãos. A distribuição de P extraível no solo após 14 anos de cultivo é influenciada pela fonte e pelo modo de aplicação do fertilizante fosfatado, até 10 cm de profundidade no SPD e até 20 cm de profundidade no SPC. No SPC há leve gradiente em profundidade, enquanto no SPD há forte gradiente principalmente para aplicações a lanço, sendo os maiores teores de P no perfil analisado encontrados na camada de 0-2,5 cm para os dois modos de aplicação. O SPD apresenta maiores teores de P até 10 cm de profundidade, porém menores teores na camada de 10- 20 cm, em comparação com o SPC. Apesar do efeito do manejo da adubação fosfatada na distribuição do P no solo, o rendimento de grãos de soja no 14° ano foi alterado apenas pelo sistema de cultivo, tendo o solo sob SPD produzido 15,5 % mais grãos do que o SPC.
Cropping systems and management of phosphate fertilization affect P availability in the soil, its accessibility for plants and finally, crop yields. This calls for an evaluation of P distribution in the soil profile, in long-term experiments, to understand the impact of each cropping system and fertilization management on this process. An area of Embrapa Cerrados, in Planaltina - DF, in an Oxisol, with very low P content at the beginning of the experiment, was cultivated for 14 years with soybean and corn in the summer and millet as winter cover crop in the last six seasons; fertilization consisted of 80 kg ha-1 yr-1 of P2O5, as triple superphosphate or phosphate rock, applied in seed furrows or broadcast, in conventional tillage (CT) or no-tillage (NT). Phosphorus distribution was evaluated in seven soil layers (0- 2.5 cm, 2.5-5 cm, 5-10 cm, 10-20 cm, 20-30 cm, 30-40 cm, and 40-50 cm ) using the extractor Bray 1. In the 14th year of cultivation, the soybean yield data were used. The results were statistically analyzed to compare P distribution in the soil profile and the yield. The distribution of soil-extractable P after 14 years of cultivation was influenced by the source and application form of phosphate fertilizer down to a depth of 10 cm in NT and to 20 cm in CT. Under CT, there was a slight depth gradient, while under NT there was a strong gradient, primarily for broadcast applications. Highest P levels were found in the 0-2.5 cm layer, for both application forms. P contents were higher down to 10 cm, but in the 10-20 cm layer contents were lower than in CT. Despite the management effect of phosphorus fertilization on soil P distribution, soybean grain yield in the 14th year was affected by the cropping system only, and the soil under NT produced 15.5 % more grain than the CT.