O uso agrícola do lodo de esgoto vem se mostrando como opção para reduzir impactos ambientais e poluição das águas. No entanto, há necessidade de se adequar dose e freqüência de aplicação para cada cultura. Durante 40 meses, foram avaliados, em experimento de campo instalado em Ubatuba (SP), os efeitos de doses de lodo de esgoto sobre a precocidade de colheita e a produção de palmito de pupunheira. Foram testadas quatro doses anuais de lodo, correspondentes a 0, 0,5, 1,0 e 2,0 vezes a quantidade de nitrogênio recomendada para o cultivo, sob delineamento de blocos ao acaso. A primeira aplicação foi efetuada no sulco de plantio durante a instalação do experimento (seis repetições), enquanto as demais foram realizadas anualmente, em superfície ou incorporadas nas entrelinhas da cultura (três repetições cada). Adubações complementares com cloreto de potássio e ácido bórico foram efetuadas trimestralmente, para corrigir deficiências. Utilizaram-se mudas inermes do ecótipo, com 10 meses de idade e densidade de plantio de 5.000 plantas ha-1. As respostas das plantas às doses de lodo foram avaliadas mensalmente, por meio de caracteres diretamente relacionados à precocidade de colheita e à produção de palmito. Houve resposta linear positiva de acordo com as doses empregadas para todos os caracteres avaliados. O uso de lodo de esgoto no sulco de plantio antecipou a primeira colheita de palmito em mais de três meses, quando comparadas dose máxima e testemunha. Não houve diferenças significativas entre as duas formas de aplicação de lodo. O número de hastes colhidas por ano e por planta variou de 0,45 a 1,04, de acordo com as doses aplicadas. A produção média anual de palmito variou de 0,82 a 1,65 t ha-1 ano-1 e de 0,87 a 1,39 t ha-1 ano-1 de resíduo basal, com aumento proporcional ao das doses de lodo de esgoto. Concluiu-se então que o uso de lodo de esgoto no cultivo da pupunheira é viável e atende, em parte, às necessidades da cultura.
Sewage sludge has been used in agriculture in many crops as an alternative to reduce environmental impacts and water pollution. Nonetheless there is a need to adjust rates and timing for each crop. Therefore, the effects of sludge application on earliness and heart-of-palm yield were studied in peach palm in a field experiment carried out in Ubatuba, SP, Brazil. Four annual nitrogen rates, (0, 0.5, 1.0 and 2.0 times the recommended amounts for the crop) were tested in a complete block design. The first application was incorporated at planting (6 replications), whereas the others were performed annually, as top dressing or incorporated between plant rows (3 replications). Potassium chloride and boric acid were applied as complementary fertilization every three months to correct plant deficiencies. Ten-month-old seedlings were used in a planting density of 5,000 plants ha-1. The plant response to sewage sludge doses was evaluated monthly, through traits directly correlated to peach palm yield, for 40 months. Statistical differences in response to the doses were detected for all variables. An anticipation of the harvest of over three months could be detected when the highest and lowest doses were compared. No differences resulted from the application forms. There was an increase in yield proportional to the sludge rates, varying from 0.82 to 1.65 t ha-1 year-1 of heart-of-palm and from 0.87 to 1.39 t ha-1 year-1 of basal stem. It was concluded that sewage sludge application is suitable for peach palm and meets, partly, the fertilization needs of the crop.