Este artigo se propõe a discutir os sentidos que são produzidos em relação à pobreza, à violência e ao trabalho. Considerando as condições sociais, econômicas, culturais e políticas de exclusão de onde vivem, procurou-se compreender como os sentidos produzidos interpelam meninos e meninas na construção das identidades de gênero, raça, classe social e sexo, nos espaços da casa, da rua, da escola e da comunidade. Para isso, foram realizados 6 grupos de discussão e 16 entrevistas individuais com meninos e meninas, entre 15 e 18 anos, de uma 5ª e uma 8ª séries do Ensino Fundamental de uma escola municipal da zona leste de Porto Alegre, de uma comunidade carente. A análise e compreensão desses sentidos foram construídos a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Produção de Sentidos, dentro do paradigma do Construcionismo Social. A pobreza produz um sofrimento e, esses são aspectos que fazem parte da vida desses jovens. A violência é tratada com uma certa naturalidade, mas ao mesmo tempo com uma preocupação, além de ser localizada geograficamente. Já o trabalho é usado como critério para identificar e caracterizar quem mora na favela, especificando, os que trabalham como pessoas honestas, e os que não trabalham como marginais ou bandidos.
This article aims to discuss the production of meanings about poverty, violence and work. According to the social, economic and cultural conditions, this work analyzes the intersections of gender, racial, social class and sexual girl's and boy's identities construction in the community spaces such as the street, the school and the home. Sixteen interviews and six discussion groups were carried out with girls and boys, between fifteen and eighteen years old, from fifth and eight grade in school. The understanding of the meanings of these girls and boys was based on theoretical and methodological social constructionism approach. The meaning of poverty is perceived by these girls and boys as burden. The violence is taken as concerning, but also as something natural. Work is used as a criterion to classify people, differentiating honest persons from delinquents, who do not work.