JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor é uma condição clínica prevalente que gera um fardo humanístico e econômico tremendo em todo o mundo. Tendo em vista os poucos estudos sobre o impacto da dor em resultados de saúde no Brasil, este estudo avaliou a prevalência de condições dolorosas, a taxa de diagnóstico e tratamento, e o possível impacto nos resultados de saúde entre adultos brasileiros. MÉTODO: Os dados foram coletados de uma amostra estratificada e aleatória de adultos (n = 12.000) da pesquisa transversal National Health and Wellness Survey de 2011 feita no Brasil. Os entrevistados deram informações sociodemográficas, sobre qualidade de vida relacionada à saúde (SF-12v2), produtividade no trabalho e prejuízo de suas atividades (WPAI), condições comórbidas e uso de recursos de assistência à saúde. As comparações entre os indivíduos com e sem dor (isto é, dor neuropática, fibromialgia, dor relacionada a procedimentos cirúrgicos/médicos, ou lombalgia, versus os controles sem a respectiva condição; ou artrite, com versus sem dor) foram realizadas pelos testes Qui-quadrado e t para variáveis categóricas e contínuas, respectivamente. RESULTADOS: Lombalgia foi a condição dolorosa mais comum (12%), seguida de fibromialgia. Entre os incluídos nessa condição, a dor neuropática foi a mais comumente diagnosticada e tratada, e a lombalgia foi a menos diagnosticada e tratada. Nas diferentes condições, em graus variáveis, dor versus sem dor foi associada a maior fardo comórbido, maior utilização de recursos, e maiores prejuízos ao estado de saúde e à produtividade no trabalho, com poucas diferenças nos fatores sociodemográficos. CONCLUSÃO: As condições dolorosas foram associadas a diferentes percepções e taxas de tratamento entre adultos brasileiros. Corroborando estudos anteriores norte-americanos e europeus, a dor foi associada a vários resultados negativos para a saúde. Esses achados destacam o subtratamento e uma gama de fontes potenciais de fardo da dor no Brasil.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Pain is a prevalent clinical condition causing tremendous humanistic and economic burden worldwide. With limited research into the impact of pain on health related outcomes in Brazil, the current study examined prevalence of pain conditions, rate of diagnosis and treatment, and potential impact on health outcomes among Brazilian adults. METHOD: Data were collected from the stratified random sample of adults (n = 12,000) in thecross-sectional 2011 National Health and Wellness Survey (NHWS) in Brazil. Respondents reported on sociodemographic information, health-related quality of life (SF-12v2), work productivity and activity impairment (WPAI), comorbid conditions, and healthcare resource use. Comparisons between those reporting pain and no pain (i.e.,neuropathic pain, fibromyalgia, surgery/medical procedure-related pain, or back pain, versus controls without the respective condition; or arthritis, with vs. without experiencing pain) were conducted using Chi-square and t-tests for categorical and continuous variables, respectively. RESULTS: Back pain was the most commonly reported pain condition (12%), followed by fibromyalgia. Among those experiencing the condition neuropathic pain was the most, and back pain the least, commonly diagnosed and treated. Across conditions, to varying degrees, pain vs. no pain was associated with greater comorbid burden, higher resource utilization, and greater impairments in health status and work productivity, with few differences in sociodemographic factors. CONCLUSION: Pain-related conditions were associated with varying awareness and treatment rates among Brazilian adults. Consistent with previous US and European studies, pain was associated with various negative health outcomes. These findings highlight the under-treatment and range of potential sources of pain burden in Brazil.