RESUMO Introdução O consumo de derivados de tabaco e álcool é apontado como importante causa de doenças e agravos no mundo. No Brasil, há um aumento no consumo dessas drogas entre os jovens, principalmente estudantes universitários. Objetivo Conhecer a prevalência e os fatores associados ao tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas entre estudantes de Medicina, além do nível de conhecimento acerca das técnicas de cessação do hábito tabagista em diferentes momentos da vida acadêmica. Métodos Estudo analítico, de prevalência, envolvendo estudantes de Medicina de Fortaleza, Ceará, Brasil. Foram selecionadas todas as escolas médicas e os estudantes do primeiro ano (S1/S2), quarto ano (S7/S8) e aqueles do último ano do internato (I3/I4). A amostra foi calculada considerando uma frequência esperada de 10% de pessoas fumantes, com um erro de 3%, estimando 726 estudantes das quatro instituições. Foi aplicado um questionário estruturado, com 46 perguntas. Os dados foram analisados pelo software Stata 11.2. Resultados Foram entrevistados 1.035 estudantes, distribuídos proporcionalmente nos três períodos, 392 (37,9%) do primeiro ano (S1-S2), 319 (30,8%) do quarto ano (S7-S8) e 324 (31,3%) do internato (I3-I4). Quinhentos e cinquenta e três (53,4%) eram do sexo feminino, a maioria era solteira (993; 96,3%), nascidos em Fortaleza (748; 72,4%), residiam com os pais (896; 86,8%) e com renda familiar acima de dez salários mínimos (652; 61,8%). Ao todo, 533 (51,5%) eram alunos de instituições particulares. Do total, 254 (24,6%) já haviam fumado. Esse consumo foi significativamente maior entre o sexo masculino (p = 0,025), sem diferença em relação ao estado civil (p = 0,247) ou renda familiar (p = 0,191). Todos os acadêmicos que experimentaram alguma substância derivada do tabaco já haviam ingerido bebida alcoólica alguma vez na vida (p < 0,000). O consumo de álcool foi referido por mais de 80% dos estudantes, sendo maior entre aqueles cuja família apresentou renda superior a nove salários mínimos (p = 0,001). Houve relato de embriaguez em mais de 70% dos estudantes, tendo esse fato ocorrido antes dos 18 anos. Cerveja e vodca são as bebidas mais consumidas. Apenas 39,5% afirmaram estar aptos a aconselhar um paciente a não ingerir bebidas alcoólicas e apenas 28,4% receberam algum treinamento sobre o assunto em sua universidade. Conclusão A prevalência do consumo de álcool é muito elevada entre os estudantes de Medicina, principalmente entre aqueles que relataram fumar. Esses temas são abordados de forma incipiente em sua formação. É preciso reforçar esses aspectos na formação desses futuros profissionais de saúde.
ABSTRACT Introduction Tobacco and alcohol consumption is considered a major cause of diseases and disorders in the world. In Brazil, there has been increased consumption of these drugs among young people, especially university students. Objective To discover the prevalence of and factors associated to smoking and alcohol consumption among medical students, as well as their level of knowledge about techniques to stop smoking at different times of their academic life. Methods Analytical study of prevalence among medical students in Fortaleza, Ceará, Brazil. The study sample included all the city’s medical schools and their first year (S1/S2) and fourth year (S7/S8) students and students in the final year of their internship (I3/I4). The sample was calculated considering an expected smoker frequency of 10%, with a 3% margin of error, estimating 726 students in the four institutions. A structured questionnaire containing 46 questions was applied. Data were analyzed using Stata 11.2 software. Results 1,035 students were interviewed, distributed proportionally in the three periods: 392 (37.87%) from the first year (S1 / S2), 319 (30.82%) from the fourth year (S7/S8) and 324 (31.30%) interns (I3/I4). 553 students (53.4%) were female; most of the students were single (993; 96.3%), born in Fortaleza (748; 72.4%), living with their parents (896; 86.8%) and with a household income of more than 10 minimum wages (652; 61.8%). In total, 533 (51.5%) were students at private institutions. Of the total, 254 (24.6%) had smoked. This consumption was significantly higher among males (p = 0.025), with no difference in relation to marital status (p = 0.247) or household income (p = 0.191). All the students who reported having experienced any tobacco derivative also reported using alcohol in their lifetime (p < 0.000). Alcohol consumption was reported by more than 80% of the students, and was higher among those whose family income was more than nine times the minimum wage (p = 0.001). Alcoholic intoxication was reported by over 70% of the students – where this had occurred before the age of 18 years. Beer and vodka are the most consumed beverages. Only 39.5% said they were inclined to advise a patient to avoid alcoholic beverages and only 28.4% had received training on the subject at their university. Conclusion The prevalence of alcohol consumption is very high among medical students, especially among those who reported smoking. These issues are addressed in a primitive manner in their training. We must strengthen these aspects in the training of future health professionals.