OBJETIVOS: o artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de monitoramento da mídia impressa brasileira para identificar as formas de enquadramento do tema do aborto durante o período de 6 de julho a 29 de outubro de 2010, período oficial da campanha eleitoral para a Presidência da República. METODOLOGIA: a partir do monitoramento de 28 veículos impressos de circulação nacional (jornais e revistas), a pesquisa recuperou 464 textos, dos quais 434 foram considerados válidos para o estudo, entre matérias, reportagens, notas, colunas de opinião, entrevistas e cartas de leitores. RESULTADOS: embora o aborto tenha sido amplamente citado na cobertura jornalística da mídia impressa brasileira durante a campanha eleitoral para a Presidência da República em 2010, em uma média de 4 textos publicados por dia, o enquadramento adotado para o tema não foi o da perspectiva da saúde pública. Dos 434 textos analisados, apenas 1 reportagem abordou explicitamente dados epidemiológicos relacionando o aborto à saúde da mulher. Nos demais textos, o agendamento do tema foi pautado mediante enquadramentos eleitorais associando-o à disputa dos candidatos pelos votos das comunidades religiosas e do eleitorado conservador.
OBJECTIVES: this article presents the results of research to monitor the Brazilian printed media in order to identify the stance of the abortion issue during the period from July 6 to October 29, 2010, which was the period of the official presidential campaign in Brazil. METHODOLOGY: based on the monitoring of 28 printed media vehicles (newspapers and magazines) with nationwide circulation, the research selected 464 texts, of which 434 were considered valid for the study. The media studied included stories, reports, notes, opinion columns, interviews and letters from readers. RESULTS: although abortion was widely mentioned in Brazilian news coverage of the presidential campaign in 2010, with an average of four texts published per day, the stance adopted for the issue was not from the standpoint of public health. Among the 434 texts analyzed, only one report explicitly addressed epidemiological data linking abortion to women's health. In the other texts, the positioning of abortion was guided by the electoral stance that associated it with the dispute for the votes of the religious communities and conservative voters.