Resumo A ausência do Estado nas comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro afastou as empresas por décadas, visto que encontravam um ambiente hostil para desenvolver negócios. No entanto, recentemente, estas vêm passando por uma reorganização social e econômica apoiada na política pública de pacificação que visa reduzir a desordem social e atrair o interesse das empresas para as classes C, D e E, descritas na literatura por Prahalad (2004) como de base da pirÂmide (BOP). Neste artigo os autores contribuem para esta literatura ampliando e aprofundando o conhecimento sobre as estratégias de empresas para a BOP, tendo como objetivo analisar as estratégias que as grandes empresas vêm utilizando para atuar nestes mercados. O método de estudo de casos múltiplos foi utilizado com cinco grandes empresas: Light, L’Oréal, Banco do Brasil, Banco Santander e Sebrae, e a análise de conteúdo prescrita por Bardin (2008), com auxílio do software Atlas Ti 7.0, serviu para aprofundar a análise. Os resultados mostram que as empresas vêm disponibilizando novos produtos e serviços, orientação financeira, inclusão bancária, formalização do consumo e dos empreendedores locais, vem adaptando seus modelos de negócios e contribuindo para a integração destes territórios à sociedade formalmente estabelecida. No entanto, observa-se que as empresas que têm atuado de forma mais generosa tem alcançado melhores resultados e que as iniciativas se encontram em estágio inicial, carecendo de maior criatividade, coragem e independência das ações do Estado.
Abstract The state absence in low-income communities in Rio de Janeiro drove away companies for decades, as they encountered a hostile environment for developing business. However, in recent years, the communities have been undergoing a social and economic reorganization supported by the pacification public policy that aims to reduce social disorder and attract private investment focused on classes C, D and E, described in the literature by Prahalad (2004) as the bottom of the pyramid. In this article, the authors contribute to this literature by broadening and deepening the knowledge about the companies’ strategies for the BOP, intending to analyze the strategies that large companies have been using to operate in these markets. The method was the multiple case studies covering five large companies: Light, L’Oréal, Banco do Brasil, Banco Santander and Sebrae, and the content analysis prescribed by Bardin (2008) guided the analysis using the software Atlas Ti 7.0. The results show that companies are offering new products and services, financial advice, banking services, access to microcredit, development and formalization of consumption and local entrepreneurs, and have been adapting their business models, contributing to the integration of these areas to the rest of the city formally established. However, it is observed that companies that have operated more generously have achieved better results and that initiatives are at an early stage of maturity, lacking more creativity, courage and independence of the state actions.