Resumo: O objetivo deste artigo foi analisar a aceitabilidade da quimioprofilaxia com rifampicina em dose única (PEP) entre os contatos, casos índices de hanseníase e profissionais da saúde e fatores relacionados que possam influenciar na adesão. Realizou-se um estudo qualitativo de análise de conteúdo após aplicação de entrevistas semiestruturadas segundo protocolo proposto no programa LPEP (2016), realizado em Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil, em julho de 2016. Participaram do estudo indivíduos notificados com hanseníase, contatos e profissionais da saúde. Utilizou-se o software QRS NVivo versão 10. Foram contatados 80 indivíduos, sendo 54 (67%) contatos, 11 (14%) casos índices e 15 (19%) profissionais de saúde. Dentre os contatos, 94% (51/54) tomaram PEP. Foram identificadas 3 categorias quanto à PEP: compreensão, aceitação e expectativa da intervenção. A compreensão se mostrou relacionada ao cuidado da equipe de saúde. Aceitar ou não a medicação revelou-se relacionada ao medo, confiança e proteção, operacionalidade da estratégia, autoestima e insegurança quanto à intervenção. A expectativa da intervenção relacionou-se ao bem-estar, prevenção da doença e de sequelas, diminuição de gastos públicos e ampliação do acesso. Houve reconhecimento da relevância da estratégia PEP pela possibilidade de interrupção da cadeia de transmissão, diminuição de casos novos e melhora na qualidade de vida. A insegurança em tomar a medicação e de a doença se manifestar influenciaram negativamente à aceitação da PEP; por outro lado, as informações prévias sobre a estratégia PEP contribuíram para o fortalecimento da confiança nos profissionais de saúde e para a aceitabilidade da medicação.
Abstract: The aim was to analyze the acceptability of chemoprophylaxis with single-dose rifampicin (PEP) in contacts, index leprosy cases, and health professionals and related factors that can influence adherence. A qualitative content analysis study was performed after application of semi-structured interviews according to the protocol proposed in the LPEP program (2016) drafted at Alta Floresta, Mato Grosso State, Brazil, in July 2016. Study participants included individuals with leprosy, contacts, and health professionals. The QRS NVivo software version 10 was used. A total of 80 individuals were contacted, including 54 (67%) contacts, 11 (14%) index cases, and 15 (19%) health professionals. 94% of the contacts (51/54) took PEP. Three PEP categories were identified: understanding, acceptance, and expectation towards the intervention. Understanding proved to be related to care by the health team. Acceptance (or lack thereof) of the medication was related to fear, trust, and protection, the strategy’s operability, self-esteem, and insecurity regarding the intervention. Expectation towards the intervention was related to wellbeing, prevention of the disease, sequelae, decrease in public expenditures, and expanded access. Participants acknowledged the relevance of the PEP strategy based on the possibility of interrupting the transmission chain, reduction in new cases, and improved quality of life. Insecurity in taking the medication and the possibility of the disease manifesting itself had a negative influence on acceptance of PEP, while prior information on the PEP strategy helped strengthen trust in the health professionals and the medication’s acceptance.
Resumen: El objetivo fue analizar la aceptabilidad de la quimioprofilaxis con rifampicina en dosis única (PEP) entre los contactos, casos índices de hanseniasis y profesionales de salud, así como los factores relacionados que puedan influenciar en la adhesión al tratamiento. Se realizó un estudio cualitativo de análisis de contenido, tras la realización de entrevistas semiestructuradas, según el protocolo propuesto en el programa LPEP (2016), realizado en Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil, en julio de 2016. Participaron en el estudio individuos diagnosticados con hanseniasis, contactos y profesionales de la salud. Se utilizó el software QRS NVivo versión 10. Se contactó con 80 individuos, siendo 54 (67%) contactos, 11 (14%) casos índices y 15 (19%) profesionales de salud. Entre los contactos 94% (51/54) tomaron PEP. Se identificaron 3 categorías respecto a la PEP: comprensión, aceptación y expectativa de intervención. La comprensión estuvo relacionada con el cuidado del equipo de salud. El aceptar o no la medicación estuvo relacionado con el miedo, confianza y protección, operatividad de la estrategia, autoestima e inseguridad de la intervención. La expectativa de la intervención estuvo relacionada con el bienestar, prevención de la enfermedad, así como secuelas, disminución de gasto público y ampliación del acceso. Existió un reconocimiento de la relevancia de la estrategia PEP por la posibilidad de interrupción de la cadena de transmisión, disminución de casos nuevos y mejora en la calidad de vida. La inseguridad en tomar la medicación y de que la enfermedad se manifestara influenciaron negativamente en la aceptación de la PEP, por otro lado, la información previa sobre la estrategia PEP contribuyó al fortalecimiento de la confianza en los profesionales de salud y a la aceptabilidad de la medicación.