RESUMO Árvores de floresta estacional decidual possuem grande capacidade de rebrota, que pode ser utilizada para sua restauração. Porém, a capacidade de rebrota é afetada pelo tipo e severidade da perturbação. Este estudo descreveu a regeneração via rebrota de árvores em uma floresta estacional seis meses após ser submetida a um gradiente de aumento de perturbação, no Brasil Central. Na expansão de uma cava de mineração em maio de 2013, 10 ha de floresta estacional foram desmatados e formaram-se três níveis crescentes de distúrbio: corte raso, destoca e remoção de 5-20 cm da camada superficial do solo. Foram alocadas ao acaso em cada tipo de distúrbio 20 parcelas circulares de 3,14 m², nas quais foram contadas e identificadas as espécies rebrotando, e avaliada a altura de inserção e o órgão responsável pela rebrota. A área de corte raso e destoca apresentaram 27 espécies e a remoção de solo 24 (curvas de rarefação). A densidade de rebrotas/m² foi 3,0 ± 0,3a no corte raso, 1,7 ± 0,4b na destoca e 1,4 ± 0,4b na remoção de solo (M ± DP; Tukey HSD). Tocos contribuíram com 61% das rebrotas no corte raso, colos 60% na destoca e raízes 70% na remoção de solo; rebrotas subterrâneas emergiram de até 24 cm de profundidade. O aumento da severidade do distúrbio afetou negativamente a capacidade de rebrota, porém, a regeneração natural foi alta nos três distúrbios. A alta capacidade de rebrota das árvores de florestas deciduais confere resiliência mesmo diante de distúrbios que removem o solo superficial.
ABSTRACT Tropical dry forest trees have high resprouting ability, which may be useful for ecological restoration purposes. However, resprouting ability is affected by the type and severity of the disturbance. This study described the regeneration of trees through resprouting in a seasonally deciduous forest in Central Brazil, six months after being subjected to a gradient of disturbance. In order to expand a limestone quarry, 10 ha of deciduous forest were deforested in May 2013, creating areas with three increasing levels of disturbance: Clear-Cutting, Stump Removal and 5-20 cm of Topsoil Stripping. Twenty 3.14 m² circular plots were randomly selected in each type of disturbance. All resprouts were counted and identified to species level. The plant organ where each resprout grew from and the distance of the resprout insertion to the soil were recorded. There were 27 species in the Clear-Cutting and Stump Removal areas, and 24 in the Topsoil Stripping site. Resprout density was 3.0 ± 0.3a/m² in the Clear-Cutting, 1.7 ± 0.4b in the Stump Removal and 1.4 ± 0.4b in the Topsoil Stripping area (mean ± SD; Tukey HSD). Stems contributed to 61% of the resprouts in the Clear-Cutting area, while 60% of the resprouts in Stump Removal grew from root collars and 70% of the resprouts in Topsoil Stripping grew from roots. Underground resprouts emerged from a depth of up to 24 cm. An increase in disturbance severity negatively affected resprouting ability, but natural regeneration was high regardless of disturbance severity. The high resprouting ability of the deciduous forest trees provides resilience even after topsoil stripping.